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Agronegócio tenta anular questão do Enem que trata dos impactos no Cerrado
Representantes do agronegócio brasileiro se revoltaram contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em uma das questões da prova para ingresso nas principais universidades do país, que se realizou no domingo (5), os examinadores apresentaram alguns dados sobre o agro. Em pauta, as práticas nocivas do setor no bioma do Cerrado. Um dos mais ameaçados, o cerrado sofre com o avanço do agro irresponsável. Contudo, a ciência está por trás dos estudos que evidenciam os malefícios que incomodam o setor.
O alinhamento de setores do agro com a extrema direita levou uma séria de críticas. Chamam de “doutrinação”, entre outras falácias com pouco fundamento na realidade. O fato é que a questão abordou o tema de uma forma ampla. Ao ligar as práticas agrícolas modernas ao modo de produção capitalista, o Enem evidenciou “a lógica do mercado que subordina homens e mulheres à lógica do sistema. Com a mecanização pesada, a pragmatização dos seres humanos e não humanos, a violência simbólica, a superexploração, as chuvas de veneno e a violência”.
Argumentos no Enem
Então, a prova classificava as ações prejudiciais do agro como uma forma de “cerco aos camponeses”. O Observatório do Clima argumenta, ao citar uma série de estudos, sobre o embasamento da questão. “Processos de autorização de desmatamento conduzidos no Cerrado estão fora de controle. Estudos de especialistas e relatos de fiscais mostram que autorizações têm sido emitidas a toque de caixa, impossibilitando o monitoramento, sem transparência nem controle social”.
Outra linha de estudos aponta para que, de fato, as ações do agro têm impacto negativo na questão da água. “Nossos resultados e as projeções de cenários futuros geradas por outros estudos põem em questão a manutenção do modelo de produção agrícola praticado atualmente no Cerrado, em particular no que diz respeito à agricultura industrial”, afirmam os cientistas citados pelo Observatório.
De outro lado, entretanto, há fragilidade do controle do Estado para a atividade segura. “Enquanto isso, processos de autorização de desmatamento no Cerrado estão fora de controle. Estudos de especialistas e relatos de fiscais mostram que emitem (o poder público) autorizações a toque de caixa. Impossibilitando o monitoramento, sem transparência nem controle social.”
Desmatamento no Cerrado
Finalmente, o Observatório do Clima lembra que o cerrado é alvo de 40% do desmatamento no Brasil, de acordo com dados de 2022. “No entanto, a versão preliminar do novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) dá destaque ao desmatamento ilegal, quando o grande problema no Cerrado é a destruição da vegetação amparada pela lei”, argumenta.
Então, ao citar o mesmo plano, o observatório argumenta que hoje, a menor porcentagem do bioma do cerrado representa mata nativa. “No ano passado, a vegetação natural primária correspondia a somente 47% do bioma, sendo que as áreas de pastagem e agricultura somavam 30% e 15%, respectivamente, aponta o documento do PPCerrado.”
Posicionamento ruralista
A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que representa os ruralistas no Parlamento, chegou a divulgar uma nota de repúdio. Eles coadunam com a versão da extrema direita de que as questões “são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permitem que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”.
O Inep, em resposta, disse que a visão não tem relação com a realidade. “O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco”.
Contudo, a nota dos ruralistas continua: “O setor agropecuário representa toda a diversidade da agricultura: pequenos, médios e grandes. Somos um só e não aceitaremos a divisão para estimular conflitos agrários”. Então, completa ao dizer que “a anulação das questões é indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira”.
Fonte: RBA
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