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Alupô Bará reafirma resistência do povo de terreiro em Pelotas

Alupô Bará reafirma resistência do povo de terreiro em Pelotas

No final da tarde de hoje, o Mercado Público de Pelotas será palco de uma celebração de fé e resistência: o "Alupô Bará", evento religioso de gratidão ao Orixá Bará. O ato representa uma reafirmação da presença e força das comunidades tradicionais de terreiro. O babalorixá Juliano de Oxum, idealizador do adesivo demarcatório de Orixá Bará, concedeu entrevista ao programa Contraponto nesta terça-feira (28). Ele compartilhou a importância histórica deste momento para Pelotas, destacando a eleição de Fernando Marroni e Dani como uma "virada de chave" guiada pelo axé de Bará.

Juliano pontuou que a vitória representa a conquista de espaços de poder para pessoas negras e periféricas e comemorou a eleição da vice-prefeita Dani, primeira mulher negra a ocupar o cargo na história de Pelotas. Para o babalorixá, esse triunfo carrega a energia de Bará, que “movimenta e recompõe a ordem” com sua força transformadora. “Esse ano é dele”, destacou Juliano, reforçando que o evento de hoje é aberto a toda a comunidade, tanto aos adeptos das religiões de matriz africana quanto para simpatizantes.

Contraponto: O Alupô Bará acontece hoje no Mercado Público. Qual a importância desse evento?

Juliano de Oxum: Este é um momento de agradecer ao Orixá Bará pela virada de chave que vivemos aqui em Pelotas. Não foi sorte, foi Bará. Estamos celebrando essa conquista democrática e a luta das comunidades de terreiro por espaço e reconhecimento, principalmente ao ver a Dani, uma mulher negra, mãe, periférica, como vice-prefeita eleita. Isso significa muito para nossa ancestralidade.

Contraponto: A vitória de Marroni e Dani traz algo novo para a cidade?

Juliano de Oxum: Com certeza! Essa vitória mostra que quando o povo de terreiro se une, faz a diferença. A ancestralidade negra é forte em Pelotas e, ao ocuparmos esses espaços, vemos que a cidade toda, não só uma parcela, precisa ser ouvida. A Dani representa isso; é uma mulher que veio da periferia, que entende a dor do povo e tem um olhar inclusivo.

Contraponto: Como a comunidade pode participar do Alupô Bará?

Juliano de Oxum: A partir das 18h, estaremos no centro do Mercado Público para fazer um ato de louvor ao Bará. Pedimos que levem pipoca – um símbolo de transformação e proteção. A pipoca é para agradecer e limpar, lavando simbolicamente o chão do mercado, um local com muita história, sangue e resistência dos nossos ancestrais.

Contraponto: O que esperar do próximo governo no sentido de políticas públicas para as comunidades das religiões de matriz africana?

Juliano de Oxum: Esperamos que o novo governo atue de forma efetiva para as comunidades tradicionais e para o povo negro. Precisamos de políticas que incluam, que ouçam, que respeitem nossas tradições e lutas. Queremos um governo que fortaleça a igualdade racial e cultural em Pelotas. E estaremos prontos para apoiar e cobrar o que for necessário. O Alupô Bará marca, assim, um dia de celebração, luta e fé para a comunidade de terreiro em Pelotas, mostrando que o poder da ancestralidade pode mover e transformar realidades na política e na sociedade. Não foi sorte. Foi Bará.

Assista a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


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