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Após abandonar PL das Fake News, Lira trava regulamentação das redes sociais

Após abandonar PL das Fake News, Lira trava regulamentação das redes sociais

Passados 20 dias de sua decisão de abandonar o Projeto de Lei 2.630/20, conhecido como PL das Fake News, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), agora trava o debate na Casa sobre a regulamentação das redes sociais. No último dia 9, Lira afirmou que iria criar um grupo de trabalho para debater a regulação e apresentar um texto mais “maduro” para ir ao plenário. Porém, até o momento, o grupo não foi formalizado, tampouco discutidos o formato ou objeto de trabalho.

Lira alegou, na ocasião, que a Câmara não votaria o PL das Fake News, na forma apresentada pelo relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), porque o texto havia sido “polemizado”. Argumentou que muitas narrativas prejudicaram a apreciação pelos parlamentares. “O PL 2630/20 está fadado a ir a lugar nenhum, não tivemos tranquilidade do apoio parlamentar para votar com a maioria”, afirmou.

Lira disse ainda que a decisão de criar um GT para debater o tema teria recebido aprovação dos líderes partidários, inclusive pela liderança do governo. E que os parlamentares avaliaram que o caminho mais hábil e tranquilo é criação de um grupo de trabalho com duração de 30 a 40 dias, para elaborar texto menos controverso. Sem o PL das Fake News, o debate sobre a regulamentação das redes sociais voltou, na prática, à estaca zero.

Quem ganha sem regulação

A falta de um GT ainda, segundo deputados, sinaliza que a pauta não deverá voltar ao radar das discussões da Câmara no futuro próximo. O que é criticado por especialistas, como a jornalista Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet (CGI). Conforme reportou a RBA, a postura de Lira em relação ao tema representa um “retrocesso”, que atrasa um debate emergencial. Principalmente diante dos ataques do dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, às instituições brasileiras.

Neste mês, o bilionário passou a ameaçar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, afirmando que não cumpriria determinações da Corte e reativaria contas de extremistas bloqueadas, desrespeitando ordens judiciais.

A ausência de regulação portanto, de acordo com Renata, apenas beneficia as “big techs e quem tem alguma ligação com empresas de plataformas de rede social”. “Tirando o setor conservador que se beneficia da ausência da regulação, que se beneficia da desinformação, do discurso do ódio, para manter a sua articulação política e as próprias plataformas, havia um amplo acordo (em torno do PL das Fake News)”, advertiu.

Sem prazo para regular redes e as ‘Fake News’

Em seu relatório, Silva previa, entre outros pontos, responsabilizar as plataformas por conteúdos criminosos publicados. Aprovado no Senado, o texto teve a tramitação travada na Câmara no primeiro semestre de 2023, após a oposição ganhar terreno no debate. Segundo declarou a assessoria de Lira à Folha, ele quer indicar os membros do grupo de trabalho “no menor prazo possível”. E que “não criou até agora porque está avaliando o melhor momento para isso, e as indicações dos líderes partidários”. Mas ainda não há uma sinalização de quando isso irá ocorrer.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), cobra celeridade no processo e diz que é “fundamental” a instalação do grupo. “Para que a gente enfrente essa discussão. Não podemos ficar omissos”, defende.

Fonte: RBA


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