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Contraponto: Agimos e Fronteira Criativa realizam evento binacional com foco em arte e resistência

Contraponto: Agimos e Fronteira Criativa realizam evento binacional com foco em arte e resistência

O Festival Internacional de Música Sul Generis, que acontece nesta sexta-feira (25), às 19h, no Centro de Artes da UFPel, é a concretização de um projeto que alia criação artística, experimentação estética e intercâmbio cultural entre Brasil e Uruguai. Com entrada gratuita, o evento reúne nomes consagrados e emergentes da cena musical, oferecendo ao público uma vivência sonora plural e politicamente engajada.

Em entrevista ao programa Contraponto da RádioCom Pelotas, Leandro Maia, músico, professor da UFPel e coordenador da Agimos, destacou os caminhos trilhados até a realização do festival. Criado em 2012, o conceito Sul Generis nasceu da vontade de propor novas formas de pensar e viver a música – conectando linguagens, territórios e ancestralidades. “É uma celebração da diversidade cultural e da canção em seu aspecto contra-hegemônico”, resumiu.

Sul Generis

O nome do festival vem da expressão latina “sui generis” (único, singular), mas assume um tom regional ao colocar o “sul” como ponto de partida. A proposta é tensionar a ideia de identidade fixa e expandir o campo da música popular com influências vindas de múltiplos lugares. Leandro lembrou que uma das edições anteriores contou com músicos do Zimbábue, promovendo uma conexão com a ancestralidade banto, comum a várias regiões do sul global.

A atual edição ganha força com a presença do grupo uruguaio Más Quereres, de Montevidéu, que traz uma proposta poética e sonora fortemente marcada pelo portunhol e pelo candombe. A parceria com a incubadora Fronteira Criativa, coordenada por Angelica Segui, amplia o caráter binacional do evento, reafirmando o festival como um espaço de troca entre artistas e públicos de ambos os lados da fronteira.

O Gramelô

Um dos momentos mais aguardados da noite será a estreia do quarteto Gramelô, formado por Leandro Maia, Caco Xavier, Sulimar Rass e Cardo Peixoto. O grupo propõe uma imersão no universo do “gramelô” – uma linguagem fictícia que remonta à tradição da Commedia dell’Arte, usada por artistas para driblar censuras. “É uma forma de expressar sentidos com sons que podem soar russos, bantos, guaranis. Começamos nosso show em gramelô, e é lindo ver essa comunicação inventada acontecendo ao vivo”, contou Leandro.

Mais do que performance, o grupo também desenvolve pesquisa acadêmica sobre as poéticas da canção e os processos criativos, conectando arte e universidade. Para Leandro, o gramelô é uma metáfora para a diversidade e a reinvenção da linguagem cotidiana: “A língua se renova na prática dos seus falantes”.

Lançamentos e novos talentos

O festival também será palco para estreias importantes. Bruna Klein, artista premiada pela Agimos, apresenta a canção “Navegar”, que subverte a máxima luso-brasileira ao afirmar: “Navegar é impreciso”. Acompanhada pelo músico Bê (Bernard Rehermann), saxofonista e compositor recém-formado, Bruna traz uma sonoridade delicada e introspectiva.

Bê, por sua vez, lança oficialmente o EP Adeus Meus Demônios, gravado no estúdio da UFPel como parte de seu TCC. O trabalho, disponível no SoundCloud, tem participações de artistas como Carol Barbosa e Renan Souza, e recebeu prêmios por composição. Já o grupo Gramelô encerra com canções autorais como “Zig Rigdum” e “Mejuja”, esta última inspirada em uma receita fictícia da avó de Sulimar – outra brincadeira com palavras e memórias afetivas.

Agimos

Mais do que produtora, a Agimos é uma plataforma de articulação cultural com atuação intensa desde 2020. Leandro explica que a agência não apenas promove artistas, mas também cria estruturas para que a cultura se consolide como política pública e mercado alternativo. “A gente é como a agricultura familiar: produz local, com qualidade e sustentabilidade”, compara.

A Agimos coordena o estúdio universitário da UFPel – considerado o maior do país – e está por trás de projetos como o Prêmio Agimos, o disco Pelotas Territórios Sonoros e o Mapa Cultural, plataforma agora integrada à universidade como ferramenta institucional. “É um reconhecimento imenso ver a UFPel encampando uma política cultural gestada por nós”, comemorou Leandro.

Mapeamento e políticas públicas e futuro do festival

Além da produção artística, a Agimos atua como laboratório de políticas culturais. Um dos objetivos é apoiar municípios da região na formulação de editais e ações através da plataforma Mapa Cultural. Com dados seguros hospedados nos servidores da própria universidade, a ferramenta se consolida como referência regional e poderá auxiliar programas como a Lei Paulo Gustavo e Aldir Blanc.

O festival Sul Generis, por sua vez, já tem novas edições em vista. A organização busca recursos para expandir o intercâmbio, com planos de trazer artistas da África, Costa Rica e Inglaterra. “Já teve até edição que aconteceu sem sabermos que era um Sul Generis. Agora, o conceito veio para ficar”, garantiu Leandro.


Serviço

Nome do evento: Festival Internacional de Música Sul Generis

Data e horário: Sexta-feira, 25 de abril de 2025, às 19h

Local: Auditório 2 do Centro de Artes da UFPel – entrada pela Rua Álvaro Chaves, 65

Descrição: Evento gratuito com shows de artistas do Brasil e do Uruguai, lançamentos musicais, experimentações estéticas e performances em linguagem inventada. Uma celebração da diversidade musical na fronteira sul.

Entrada: Gratuita

Forma de acesso: Presença no local; reservas opcionais via Sympla


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