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Contraponto: Comunidades de terreiro celebram Bará no dia 13 e reafirmam sua história

Contraponto: Comunidades de terreiro celebram Bará no dia 13 e reafirmam sua história

Fé, cultura e ancestralidade reafirmam histórias em Pelotas

As comunidades de terreiro vão transformar novamente o Mercado Central de Pelotas em um espaço de celebração, resistência e memória. A 10ª Procissão ao Bará homenageia a história de luta das religiões de matriz africana, reforçando a presença ancestral e ocupando o espaço público com espiritualidade e cultura. Um encontro que une fé, educação e solidariedade em prol da dignidade e do respeito.

No programa Contraponto, o dirigente espiritual Juliano de Oxum, coordenador da procissão, destacou a importância do evento, que completa uma década de existência. Para ele, mais que uma manifestação religiosa, a procissão é um ato de resistência e afirmação da história negra em Pelotas.

Bará e a ocupação dos espaços públicos

A Procissão ao Bará teve início em 2015, como um movimento de demarcação simbólica do Mercado Central como espaço de cultura e fé. Juliano de Oxum relembra que, inicialmente, houve resistência de alguns permissionários, mas que hoje o respeito à tradição é consolidado. "Dez anos de luta, dor e resistência construíram esse reconhecimento. Hoje, sou chamado de Pai Juliano do Mercado", contou emocionado.

O dirigente também ressaltou a força simbólica da demarcação do Mercado com o adesivo comemorativo e o assentamento do Bará, atos que consolidaram o espaço como referência cultural. "É fundamental respeitar e preservar a história dos que vieram antes", afirmou.

A construção coletiva e a relação com a comunidade local fortaleceram a presença das religiões de matriz africana na cidade, e impulsionaram a criação da Lei Municipal 7.025, que instituiu o Dia Municipal do Orixá Bará em 13 de junho.

Cultura, solidariedade e educação na programação

A 10ª edição da Procissão ao Bará vai além da celebração religiosa. A programação inclui uma campanha de arrecadação de alimentos, exposições culturais, rodas de conversa e atividades educativas. "Não existe religiosidade sem solidariedade", enfatizou Juliano, ao destacar a meta de arrecadar uma tonelada de alimentos.

Entre os destaques estão a exposição "Ancestralidade", com produções de estudantes da rede pública, e a roda de conversa sobre as Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tratam da obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.

O lançamento do selo comemorativo e do cartão postal também reforçam a memória coletiva e a visibilidade da cultura afro-brasileira em Pelotas. O encerramento será marcado por uma roda de samba, simbolizando a integração entre fé, cultura e resistência.

Intolerância religiosa e a luta por respeito

Juliano de Oxum também abordou o enfrentamento à intolerância religiosa e ao racismo, desafios persistentes para as comunidades de terreiro. Ele destacou a importância do adesivo demarcatório como símbolo de proteção e resistência, e a necessidade de educar para combater o preconceito.

"O mercado é um espaço público-privado, e o diálogo foi essencial para conquistar respeito", afirmou. Com a articulação de lideranças comunitárias e apoio de movimentos sociais, a procissão se consolidou como um ato político e de afirmação cultural.

Ele enfatizou ainda a urgência de fortalecer as políticas públicas para a proteção das religiões de matriz africana e de consolidar o reconhecimento da Procissão ao Bará como patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.

Fé como ferramenta de transformação social

Para Juliano, o povo de axé tem se articulado para ocupar espaços de decisão e construir políticas públicas efetivas. "Nunca foi sorte, sempre foi Bará", declarou ao relembrar a mudança política recente na gestão do Executivo em Pelotas.

Ele destaca que a procissão deixa uma mensagem de resistência e esperança para a cidade: a fé como força transformadora que une tradição, educação e luta por direitos.

Serviço

Evento: 10ª Procissão ao Bará do Mercado

Data: 13 de junho de 2025 (sexta-feira)

Horário: Das 9h às 21h

Local: Mercado Central de Pelotas (com saída da procissão no calçadão da Rua Andrade Neves)

Atividades: Campanha solidária de alimentos, exposição "Ancestralidade", lançamento de selo e cartão postal, roda de conversa sobre leis antirracistas na educação, procissão e roda de samba

Entrada: Gratuita

Contato: WhatsApp (53) 99145-0847


*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


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