A arte das ruas, os corpos que resistem e a potência criativa da periferia ganham destaque neste sábado em Pelotas com a realização da Mostra PEL de Danças Urbanas, na Praça CEU Dunas. O evento reúne grupos locais, oficinas e uma mostra coreográfica para celebrar os estilos que compõem as danças urbanas e fomentar a cultura hip-hop na cidade.

Em entrevista ao programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, Francine da Silva Lemos, idealizadora da Mostra, falou sobre a importância do evento para a valorização da arte periférica e para o fortalecimento da identidade cultural das comunidades. A mostra acontece no dia 19 de abril e integra a programação da Semana da Cultura LPG.

Dança como transformação e pertencimento

Francine iniciou sua trajetória nas danças urbanas em um projeto social, em 2008. A experiência marcou sua relação com a arte e inspirou a criação da Mostra PEL. “A dança é um instrumento de transformação. Ela muda vidas e fortalece os territórios. A mostra é uma forma de devolver isso para a comunidade”, afirmou.

A Mostra PEL busca dar visibilidade aos talentos locais, promovendo apresentações remuneradas de grupos e artistas independentes. “É um evento pensado para potencializar academias, projetos e pessoas que movimentam a cultura das danças urbanas em Pelotas”, destacou Francine.

Com a realização da mostra no bairro Dunas, o evento também reforça a ocupação cultural dos espaços públicos por meio da arte negra e periférica. “A comunidade se vê nos grupos. É um encontro potente entre quem dança, quem assiste e quem se reconhece naquela expressão artística.”

Programação que conecta gerações

A programação da Mostra PEL foi pensada para acontecer em um único dia, com atividades que aproximem artistas e comunidade. Pela manhã, será realizado um workshop com convidado externo, seguido por roda de conversa. À tarde, a partir das 17h, acontece a mostra coreográfica, com grupos convidados e selecionados.

“A ideia é reunir diferentes camadas da dança. Pessoas que estão começando, artistas experientes, coletivos históricos e grupos que representam a força das danças negras”, explicou Francine. Entre os estilos que estarão presentes, estão hip-hop, house dance, locking, popping e breaking.

A curadoria da mostra também inclui grupos com forte vínculo territorial, como o Trem do Sul e o Coletivo de DançaPel, além da participação de projetos ligados à dança afro. “Essa conexão entre danças urbanas e cultura afro é essencial. São expressões negras e resistentes, e precisam ser valorizadas”, afirmou.

Impacto social e articulação comunitária

Para Francine, o impacto da Mostra PEL ultrapassa os palcos. O evento mobiliza profissionais da divulgação, design e produção local, e envolve moradores do bairro na construção do projeto. “É um evento meu, mas feito com muita gente da comunidade. É todo mundo junto fazendo acontecer.”

Ela reforça que ações como essa não apenas movimentam a cultura, mas fortalecem a autoestima dos moradores e criam novas referências para as gerações mais jovens. “As crianças olham e se veem ali. Vão querer dançar, fazer parte, e isso é transformação real.”

A mostra também contribui para que os próprios artistas locais se reconheçam mutuamente, troquem experiências e ampliem suas redes. “Muitas vezes, na correria do dia a dia, os grupos não conseguem nem assistir uns aos outros. Aqui, eles vão se conectar, se inspirar e se fortalecer”, explicou.

Serviço

Mostra PEL de Danças Urbanas

Data: Sábado, 19 de abril

Horários:

- Workshop: 10h

- Mostra coreográfica: a partir das 17h

Local: Praça CEU Dunas, esquina da Rua 15 – Pelotas/RS

Descrição: Evento gratuito com apresentações de danças urbanas, roda de conversa e oficina

Ingresso: Entrada gratuita com retirada de senha antecipada para evitar superlotação

Contato e informações: Instagram @mostra_pel5

*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.