Orgulho e Resistência: A 23ª Parada da Diversidade celebra Ancestralidade LGBTQIA+
Deixar a sua luz brilhar (por leonardo Melgarejo)
Nesta semana, após o primeiro debate, a entrevista no Flow, e a sequência de comícios espetaculares em todo o Brasil, nem vale a pena falar sobre as trapalhadas do presidente que mente e sua turma.
Eles sabem que perderam a eleição e agora, em desespero, tratam de atiçar os incautos que se deixarem levar, para ver o solavanco que resultará com cada um extravasando o que tem de pior.
Infelizmente não estão comprometendo apenas o raciocínio dos seus, aqueles que deliram em êxtase por meio de todo tipo de ações descabidas. Também entre os nossos (por conta de uma leitura equivocada das últimas pesquisas, comparativamente às anteriores) e muita fake news, parece aflorar uma espécie de sentimento de frustração que em alguns já estaria perto do medo paralisante. Vejo pessoas dizendo acreditar que já perdemos e que por isso preferem ficar em casa. Estas, nas ruas, andam cabisbaixas e mais do que a si mesmas, escondem os adesivos, as bandeiras, camisetas e tudo aquilo que possa revelar seu compromisso para com o enfrentamento de um fascismo que, de fato, aí está e ainda precisaremos combater por décadas.
Contribuem assim para fragilizar nossa vitória, que só não é certa porque a contagem de votos ainda não ocorreu. O medo não se justifica porque os números só reafirmam a estabilidade no posicionamento dos eleitores, e em patamar que nos é altamente favorável. Ok, a diferença é de 5%. Mas está congelada, não se altera, e se mantivermos a confiança e a alegria que caracteriza os que são pautados pelo amor à vida, Lula ainda pode crescer e alcançar os 55%. Impossível perdermos? Não, impossível não é. Mas é tão improvável como encontrar água livre de agrotóxicos nos territórios dominados pelo agronegócio.
Por isso eles estão transtornados. Com os estoques de artimanhas e fontes de corrupção no limite, desmoralizados, eles já desistiram de se pautar por qualquer tipo de racionalidade. Contam, ao que parece, com o desequilíbrio mental de fiéis atiçados pelo desespero de seus líderes. Só assim podemos entender coisas como o ataque - dentro de igreja - a um padre que alertava, em homilia, sobre perigos da intolerância que levou às mortes de Bruno, Dom e Marielle. Outro exemplo? Que tal o vídeo gravado e divulgado também esta semana, sob ordens daquela pecuarista que marcou com ferro em brasa o número 22, no rosto de um bebê bovino? Um filhote, um bichinho, uma criança entre os de sua espécie, que por azar nasceu subordinado aos interesses de uma mulher bolsonarista, capaz de se exibir queimando-lhe o rosto a ferro em brasa, pensando talvez que assim estimularia votos em favor daquele mito que –no auge da covid- riu do sofrimento de nossos mortos.
Vejam o significado daquele gesto. O 22, aquele número formado pelos dois inocentes patinhos da lagoa, que tanto ajudaram nossas crianças a entender a magia da combinação de unidades em dezenas, foi reduzido a marca de tortura medieval. Os dois patinhos foram rebaixados do degrau que ocupavam, apontando no rumo de um universo infinito, para símbolo do escorregão de fanáticos, em homenagem ao número da besta.
E o mais triste é que muitos adultos, entre nós, estão sendo afetados e sofrem até com sinais de bons ventos. Vejam a reação às últimas pesquisas. É relativamente simples entender que, enquanto qualquer estimativa envolve possibilidades, os resultados (no caso, os do primeiro turno) designam um fato. Pois bem, tanto nas hipóteses anteriores, como nas posteriores ao fato, as estimativas apontam vitória do Lula. As pesquisas indicavam uma vantagem de 10%, para Lula, ok. O fato demonstrou que havia erros nos parâmetros adotados para suporte das estimativas, e que a diferença era de 5%. Não é pouco. São milhões de votos.
E uma vez que todas as pesquisas (antes e depois do FATO) apontam estabilidade para a diferença (agora de 5%) não é cabível uma interpretação de que o inominável “avançou”. Ele tinha a pontuação que tem agora, e as estimativas não captaram a realidade. E não é relevante discutir os motivos do erro de estimativas. O importante é que a diferença aponta vitória de Lula. E ainda sugere que os motivos de festa, em consequência das marchas, dos debates, de nossas atividades de rua e das loucuradas que aqueles de lá ainda estão por fazer, tendem a ser maiores do que o previsto.
Particularmente, aposto no crescimento de Lula. Acredito que a consciência nacional está sendo despertada pela gana dos nordestinos, que tudo que nos estimula trará para nosso lado os ainda não se posicionaram, nesta disputa entre o bem e o mal.
Com a seriedade de nosso povo, com a multiplicação dos contatos um a um, com nossas bandeiras e nossa alegria, nas ruas praças e bares, levo fé: O Brasil está voltando a sorrir. Logo voltará a comer e a dançar, sem medo de ser feliz.
Teremos nossa festa dia 30 e depois de descansar, seremos todos convocados a ajudar a proteger e recuperar o que não foi destruído neste país.
Para eles? Justiça.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko
Leonardo Melgarejo
Engenheiro Agronômo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1976), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000). Foi representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio (2008-2014) e presidente da AGAPAN (2015-2017). Faz parte da coordenação do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (2018/2020 e 2020-2022) e é colaborador da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, do Movimento Ciência Cidadã e da UCSNAL.
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