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Deputados do RS aprovam homeschooling: ‘Ninguém está pensando na proteção das crianças’
Marcele Frossard diz que, pelo acompanhamento que a Campanha vem fazendo do tema, a defesa da educação familiar está ligado a um lobby muito forte de movimentos políticos conservadores. “Isso é o extremo do privatismo, porque você tira a criança completamente da vida pública para a vida privada. A escola é um espaço de educação pública. Mesmo que seja privada, você tem o convívio com o público, com famílias diferentes, com perspectivas diferentes, com professores e profissionais que pensam diferente da sua família. Então, colocar o filho dentro de casa sob o olhar desses pais e essa vigilância permanente é um controle muito grande. Combina com esse conservadorismo que não quer conviver com a diferença, que não quer conviver com a pluralidade e prefere se isolar e criar suas crianças sem contato com essa diversidade. De outro lado, é extremamente desvantajoso porque nenhum desses projetos, nem o do Rio Grande do Sul, do Distrito Federal ou o que está na Câmara, pensa no direito subjetivo da criança e do adolescente. Nenhum projeto está pensando no impacto disso na proteção das crianças e adolescentes”, afirma.
Para Marcele, fora da escola, as crianças perdem a proteção de órgãos responsáveis por fazer a fiscalização desses casos. “Você é um adulto, se acontece alguma coisa com você, contrata um advogado ou vai na Defensoria Pública e vai atrás dos seus direitos. Se você for criança e os pais te batem ou o professor nota que você mudou de comportamento de uma maneira muito brusca e te encaminha para o serviço pedagógica, vai ser acionada toda uma rede de proteção pública, que é o Conselho Tutelar, Ministério Público. Começa todo um processo para amparar essa criança, mesmo nas escolas particulares. Se essa criança está em homeschooling, é como se a gente tirasse toda essa rede de proteção que ampara essa criança, todas as possibilidades que foram construídas nos últimos 30 anos de defesa, amparo e garantia de direitos para crianças e adolescentes, e entregasse apenas na mão dos pais dessa criança. Ela não tem mais direitos, porque eles não falam em seus discursos no direito da criança e do adolescente neste processo, estão falando do direito dos pais de educarem seus filhos da maneira como eles quiserem. E todos eles pressupõe que nenhum desses pais vai ser abusador, que nenhum desses pais vai esmurrar seus filhos, nenhum deles vai perder a paciência num dia e vai bater”, afirma.
Fonte: Sul 21
Imagem: Sul 21
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