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Dia nacional da saúde: 34% da população de Pelotas sofre com a presença de duas ou mais doenças crônicas

Dia nacional da saúde: 34% da população de Pelotas sofre com a presença de duas ou mais doenças crônicas

Um dos maiores desafios na saúde é o cuidado com populações socioeconomicamente carentes, pauta muito discutida neste dia nacional da saúde. Em pelotas, cerca de 34% da população sofre com a presença de duas ou mais doenças de longa duração. As mais presentes são diabetes, dificuldades na coluna e problemas de saúde mental como depressão e ansiedade. Ao olhar questões como a interseccionalidade, esse problema torna-se ainda mais complicado, é que apontam os dados do estudo “EAI Pelotas?”, desenvolvido por pesquisadores da UFPel.

Entre os agravantes está um problema histórico que pode ser observado em todo o país: o acesso ao serviço público de saúde. Além disso, a desigualdade é um dos fatores mais presentes ao analisar as causas dessas prevalências.

“Então, principalmente quando a gente pega marcadores de desigualdade social, como, desigualdade de gênero, desigualdade racial, pessoas com menor escolaridade, quanto mais as pessoas têm essas características, mais desigual é o acesso”, destaca o professor e pesquisador e epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, Bruno P. Nunes.

Ao observar quem são os indivíduos que representam esses 34%, a interseccionalidade - interação ou sobreposição de fatores sociais que definem a identidade de uma pessoa e como isso impacta sua relação com a sociedade e seu acesso a direitos - se destaca como um fator significativo na distribuição dessas doenças. Os estudos indicam que a ocorrência dessas doenças é significativamente maior entre mulheres que se autodeclararam pretas ou pardas e que pertencem a um nível socioeconômico mais baixo. “Quanto maior é a desigualdade social, piores são os indicadores de saúde das pessoas”, adiciona o epidemiologista.

Como forma de mitigar o problema, as pesquisas evidenciam a necessidade de existir cada vez mais um cuidado na atenção primária De acordo com os estudos, seria um modo de contornar essas questões a partir de cuidados que começam já na prevenção. “Quanto mais a gente conseguir ter esse cuidado nas unidades básicas de saúde, menos a gente vai ter o impacto de acúmulo de necessidade especialista. Menos pessoas vão estar indo ao pronto-socorro, à UPA. [...] todas as evidências científicas apontam que a atenção primária [...] é muito melhor para as pessoas e para o sistema de saúde.”

Ao ser questionado sobre a necessidade de mais investimentos nos cuidados preventivos, Inácio Crochemore, professor do curso de Educação Física da UFPel e doutor em Epidemiologia, destaca a importância de aumentar os recursos para a prevenção de doenças e promoção de saúde, mesmo com a alta demanda por atendimento emergencial. “Sem dúvida, a gente precisaria ter muito mais investimento em todos os níveis, desde o federal, estadual e municipal, para a gente tentar atacar esses problemas, tentar antecipar esses problemas”, conclui Inácio.

Artigos vinculados aos estudos da pesquisa “EAI Pelotas?” vão ser publicados pela editora Livraria UFPel até o final do ano no livro “Contribuições epidemiológicas para as políticas públicas de saúde em Pelotas-RS”.

Redação: Ridley Madrid



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