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Edição da Manhã: ações de combate ao feminicídio e fortalecimento são debatidas em Pelotas
Os dados são alarmantes: entre 2022 e 2024, mais de 260 mulheres foram assassinadas no Rio Grande do Sul em crimes classificados como feminicídio. Em Pelotas, mais de 700 medidas protetivas estão em vigor. Em meio a esse cenário, a exposição “Arrancada de Nós: histórias que precisam ser contadas” chegou à cidade para chocar, sensibilizar e alertar. A mostra é uma das ações debatidas durante a participação da deputada estadual Stela Farias (PT) e da secretária de Políticas para as Mulheres de Pelotas, Marielda Medeiros, na RádioCom.
Em entrevista ao programa Edição da Manhã, as convidadas abordaram a gravidade do feminicídio, os desafios enfrentados pelas mulheres e os avanços locais no enfrentamento à violência de gênero. A parlamentar destacou sua trajetória na defesa da causa e a importância da atuação integrada entre legislativo e executivo. Já a secretária relatou o fortalecimento da rede de acolhimento e a criação de ferramentas como a “Caixinha Lilás”, onde denúncias anônimas são recebidas.
A dor que vira denúncia e mobilização
A exposição “Arrancada de Nós”, inaugurada na Secretaria de Cultura, nasceu da dor de uma família que perdeu uma filha para o feminicídio. A iniciativa é itinerante e pretende percorrer o estado, promovendo impacto emocional e educativo. “A ideia é provocar um verdadeiro soco no estômago”, disse Marialda, destacando que o choque é necessário para despertar a sociedade.
Stela Farias reforçou que o feminicídio é a ponta final de uma escada de violências. “É a última e mais grave das violências contra a mulher. E quando ela chega a esse ponto, é porque não teve apoio nem amparo ao longo do caminho”, afirmou. Ela defende ações desde a infância, com investimento em educação, campanhas públicas e responsabilização efetiva dos agressores.
Avanços e desafios em Pelotas
Desde a recriação da Secretaria de Políticas para as Mulheres no município, Pelotas tem ampliado sua capacidade de acolher vítimas e desenvolver ações preventivas. Segundo Marielda Medeiros, além da estrutura física centralizada e acessível, a secretaria integrou o CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), que realiza atendimento psicossocial e buscas ativas.
Um exemplo da sensibilidade local foi a instalação da Caixinha Lilás, que surgiu espontaneamente com denúncias deixadas em bilhetes anônimos. “As pessoas precisam sentir que têm onde recorrer. E é isso que estamos construindo, mesmo com estrutura limitada”, declarou a secretária. Entre as ações em curso estão o atendimento a mulheres trans, surdas e de outras comunidades vulneráveis.
Política, orçamento e mobilização coletiva
A deputada Stela Farias também ressaltou o papel fundamental do orçamento público na efetivação das políticas para mulheres. Comparando períodos de gestão, ela lamentou a queda de investimentos: “Em 2014, no governo de Tarso Genro, tínhamos R$20 milhões para a política de mulheres no estado. Hoje são R$3 milhões. Não há como enfrentar uma tragédia dessas com tão pouco.”
Ela está na coordenação da Força-Tarefa de Combate ao Feminicídio da Assembleia Legislativa, que coleta dados, propõe ações e articula com diferentes setores. Um exemplo citado de ações da Força-Tarefa foi a parceria com clubes de futebol - como Internacional e Grêmio - para combater a violência nos dias de jogo, quando os índices aumentam drasticamente.
Um olhar para o futuro do PT e do Brasil
Ao final da entrevista, Stela Farias comentou sua candidatura à presidência estadual do Partido dos Trabalhadores. Destacou a necessidade de o partido dialogar mais com a base e enfrentar com coragem a ameaça da extrema direita. “Precisamos de um partido aberto para ouvir e disposto a fazer frente à desinformação e à desigualdade”, afirmou. Ela defende a formação de alianças amplas para disputar o governo estadual e fortalecer a esquerda no Senado.
Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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