Mais Recentes :

Edição da Manhã: convenção coletiva garante reajuste salarial para trabalhadores do arroz

Edição da Manhã: convenção coletiva garante reajuste salarial para trabalhadores do arroz

A nova convenção coletiva dos trabalhadores da indústria do arroz garantiu um reajuste de 5,87% nos salários, sendo 4,87% referente à reposição da inflação e 1% de aumento real. O acordo - fechado na última semana - representa um avanço importante para a categoria em meio à estabilidade econômica atual e à busca por melhores condições de trabalho.

A entrevista foi concedida por Lair de Mattos, presidente do Sindicato da Alimentação das Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Pelotas, ao programa Edição da Manhã, da RádioCom Pelotas. A pauta central foi a negociação da convenção coletiva, seus desdobramentos e os impactos nas demais categorias da indústria alimentícia.

Reajuste e luta histórica por valorização

Segundo Lair, o percentual acordado acompanha a média das negociações do setor. “Tem sido aceitável tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. Outras categorias conseguiram aumentos entre 0,5% e 1,7%, então ficamos dentro da média”, explicou. Ele relembrou tempos de hiperinflação em que os reajustes ultrapassavam 40% - além de gatilhos que eram acionados sempre que a inflação alcançava determinado patamar -, o que reforça a importância da manutenção do poder de compra, mesmo em contextos de inflação moderada.

O presidente destacou também o objetivo de longo prazo do sindicato: atingir um salário mínimo digno, conforme prevê a Constituição, que, segundo cálculos do DIEESE, deveria estar entre seis e sete mil reais.

Cláusulas sociais mantidas e conquistas recentes

Além do reajuste, a convenção renovou cláusulas sociais importantes, como o triênio de 2% a cada três anos de empresa (limitado a quatro triênios), férias adicionais após 10 anos de casa, e um salário extra após 14 anos. “Esse setor tem estabilidade, muita gente permanece por muitos anos nas empresas”, destacou Lair.

Outros benefícios preservados foram o pagamento diferenciado por trabalho aos domingos e o auxílio escolar de R$ 700, pago a trabalhadores que estudam ou tenham filhos estudando. A cláusula de estabilidade pré-aposentadoria também foi mantida: trabalhadores com mais de 10 anos de empresa e a menos de dois anos da aposentadoria não podem ser demitidos.

A única cláusula nova aprovada nos últimos anos foi a folga remunerada no Carnaval e nas vésperas de Natal e Ano Novo, compensando parte dos cinco dias que os trabalhadores mensalistas não recebem ao longo do ano.

Indústria do arroz como referência

A negociação da convenção coletiva da indústria do arroz costuma servir de parâmetro para as demais do setor. “Fechando o arroz, as outras categorias vêm na mesma batida”, afirmou Lair. A categoria é a mais numerosa da base sindical, com cerca de 1.500 trabalhadores, e sua base salarial influencia diretamente outras convenções com data-base posterior, como as das indústrias de conservas, frigoríficos e padarias.

Apesar da importância econômica da indústria do arroz, o setor emprega relativamente pouco, devido à alta automação. “A mão de obra é mais especializada, operando caldeiras, computadores, máquinas de empacotamento”, explicou o dirigente.

Terceirização e precarização

Lair alertou para os perigos da terceirização, especialmente em momentos de safra, citando o caso de um trabalhador terceirizado que morreu na Camil, em Capão do Leão, em março. “A terceirização não garante a mesma qualificação e segurança”, disse. O presidente também criticou duramente as condições impostas pela empresa Mariza Foods, da indústria de conservas, onde a terceirização é praticamente total e há indícios de irregularidades.

Segundo ele, a empresa impôs uma jornada de 12 horas por 36 de descanso, que, na prática, obriga trabalhadores — inclusive mulheres e pessoas idosas — a passarem sete horas seguidas em pé, sem intervalo adequado para descanso ou alimentação. “É desumano o que essa gente está fazendo, e nós vamos fazer um embate feroz”, declarou.

Além das condições de trabalho, Lair denunciou que a Mariza Foods já foi interditada duas vezes pela vigilância sanitária por irregularidades na produção. “Estão produzindo alimentos não apropriado para consumo humano”, afirmou.

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.



0 comentários

Adicionar Comentário

Anunciantes

Envie sua notícia