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Edição da Manhã: CPERS critica decisão de retorno às aulas em meio a onda de calor

Edição da Manhã: CPERS critica decisão de retorno às aulas em meio a onda de calor

O professor Guilherme Bourscheid, membro da direção central do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS), concedeu entrevista ao programa Edição da Manhã nesta quarta-feira (12). O tema principal foi a polêmica em torno do pedido do CPERS para adiar o início das aulas da rede estadual devido à onda de calor que atingiu o estado. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) negou o pedido, mas a Justiça concedeu uma liminar suspendendo as aulas. No entanto, a decisão foi revogada na terça-feira (11) e o retorno às aulas está confirmado para o dia 13 de fevereiro.

Críticas à falta de estrutura das escolas

Durante a entrevista, Bourscheid manifestou indignação com a decisão da Justiça de derrubar a liminar que suspendia o retorno das aulas. Segundo ele, a medida de suspensão visava garantir condições mínimas de conforto e segurança para alunos, professores e funcionários diante das altas temperaturas registradas no estado. “Não é possível que um governo e uma Justiça deliberem contra a ciência. A previsão de calor extremo já havia sido alertada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)”, afirmou.

O professor também destacou a precariedade da infraestrutura das escolas estaduais, ressaltando que muitas unidades não possuem climatização adequada para suportar condições climáticas extremas. “Temos salas com 30, 35, até 40 alunos, o que torna o ambiente insuportável. Isso impacta diretamente no aprendizado”, pontuou.

Infraestrutura e investimento na educação

Outro ponto abordado na entrevista foi a falta de investimentos para melhorias na infraestrutura escolar. Bourscheid revelou que, das 1.588 demandas de reforma e melhoria na rede estadual, apenas 111 foram concluídas. “Temos 1.445 demandas que sequer foram iniciadas. Isso demonstra a deficiência estrutural das escolas”, criticou.

O professor também questionou o investimento anunciado pelo governo estadual para a compra de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Segundo ele, o montante de R$ 180 milhões destinado às escolas é insuficiente diante da realidade. “Esse valor, dividido entre todas as escolas, representa cerca de R$ 50 mil a R$ 60 mil por unidade. Isso mal cobre a instalação de um sistema adequado de climatização”, afirmou.

Questão salarial e condições de trabalho

Além da infraestrutura, a entrevista também abordou a questão salarial dos professores da rede estadual. No dia 18 de fevereiro, a Assembleia Legislativa deve votar o reajuste de 6,27% para o magistério. Para Bourscheid, esse índice não é suficiente para recompor as perdas inflacionárias acumuladas ao longo dos anos. Ele também criticou a falta de um plano de carreira adequado para os professores e a precarização do trabalho na educação.

“O piso salarial virou teto, e muitos professores estão abandonando a carreira por falta de valorização. Se não houver mudanças, em breve teremos um apagão de profissionais na educação”, alertou.

A necessidade de um debate amplo

Bourscheid reforçou a importância de um debate mais amplo sobre as condições das escolas públicas e a necessidade de um maior diálogo entre o governo e os trabalhadores da educação. Segundo ele, a liminar que suspendia as aulas serviu como alerta para a sociedade sobre a situação da infraestrutura escolar e a falta de investimentos na educação pública.

“A educação tem sido negligenciada por anos. Precisamos garantir melhores condições de trabalho para os professores e um ambiente adequado para os estudantes. Sem isso, o aprendizado fica comprometido”, concluiu.

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.



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