O secretário de Urbanismo de Pelotas, Otávio Peres, concedeu entrevista ao programa Edição da Manhã nesta quarta-feira, 26, para falar sobre os desafios da mobilidade urbana no município, especialmente em áreas que cresceram aceleradamente nas últimas décadas, sem que a infraestrutura acompanhasse esse ritmo. A conversa abordou também ações já em andamento e o papel da participação social no planejamento urbano.

Crescimento urbano sem infraestrutura adequada

Durante a entrevista, Peres destacou que regiões como a Zona Norte de Pelotas passaram por uma intensa produção de espaço urbano nas últimas décadas, sem que o crescimento populacional tenha sido proporcional. “Desde 1985, Pelotas expandiu sua malha urbana numa velocidade de duas a três vezes superior ao crescimento da população”, afirmou.

O secretário chamou atenção para a inadequação entre a velocidade da urbanização e a capacidade de o Estado fornecer infraestrutura básica, como drenagem, mobilidade e habitação. Segundo ele, é necessário um equilíbrio entre os investimentos públicos e as contrapartidas exigidas de empreendimentos privados, sejam eles de interesse social ou de padrão mais elevado.

Obras em andamento para qualificar a mobilidade

Otávio Peres detalhou algumas das principais intervenções em curso na cidade. Entre elas, a revitalização da Avenida Ferreira Viana e a obra de requalificação viária na Avenida Fernando Osório, que recebeu mais de R$ 15 milhões em investimentos. O secretário explicou que a Prefeitura optou por reforçar a estrutura asfáltica para garantir maior durabilidade: “É fundamental que essas obras não precisem ser refeitas a cada três ou quatro anos”, ressaltou.

Outra via que necessita de atenção é a Ildefonso Simões Lopes, cuja duplicação é considerada prioritária. De acordo com o secretário, esse eixo concentra gargalos importantes de tráfego e é alvo de planejamento para futuras intervenções.

Expansão urbana e foco em habitação de interesse social

Questionado sobre a natureza dos empreendimentos nas novas áreas urbanizadas, Peres afirmou que parte significativa é voltada para habitação de interesse social. Ele destacou que a cidade trabalha com um déficit habitacional estimado entre 15 mil e 20 mil unidades.

O secretário mencionou ainda o projeto de lei em tramitação na Câmara de Vereadores que visa ampliar isenções tributárias para construtoras que atuam no programa Minha Casa Minha Vida, especialmente nas faixas 1 e 2, voltadas à população de baixa renda.

Transporte coletivo como prioridade

Ao tratar do transporte coletivo, o secretário defendeu a necessidade de requalificar os “caminhos do ônibus” como forma de reduzir o desgaste dos veículos e melhorar o acesso às paradas. Ele informou que a Prefeitura está preparando projetos para submeter ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com o objetivo de investir em infraestrutura voltada ao transporte coletivo.

Peres também comentou sobre a viabilidade futura de ônibus elétricos em Pelotas. Para ele, é preciso pensar em uma nova concepção de sistema de transporte, com linhas estruturantes operadas por veículos elétricos e modais complementares para os bairros: “O transporte coletivo é a solução real para os problemas de mobilidade urbana”, declarou.

Planejamento urbano com participação popular

A entrevista foi encerrada com destaque à Conferência das Cidades, prevista para acontecer até o final de junho. Segundo o secretário, o processo de organização já está em curso com a formação da comissão organizadora e a realização de pré-conferências temáticas e territoriais. A ideia é retomar o planejamento urbano participativo e instituir um Conselho Popular da Cidade.

“O planejamento urbano precisa ser conduzido com a sociedade, desde a definição de prioridades até a fiscalização de investimentos”, concluiu Peres.

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.

Imagem: Divulgação