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Edição da Manhã: Descarte inadequado e vandalismo desafiam limpeza urbana em Pelotas

Edição da Manhã: Descarte inadequado e vandalismo desafiam limpeza urbana em Pelotas

Pelotas enfrenta desafios persistentes na gestão de resíduos sólidos - mesmo com investimentos significativos e ampla cobertura da coleta seletiva. O centro da cidade, em especial, tem sido cenário constante de acúmulo de lixo ao redor dos contêineres, gerando mau cheiro, desconforto visual e riscos sanitários. Comerciantes e moradores expressam insatisfação diante da situação, que evidencia principalmente comportamentos inadequados por parte da população.

A realidade foi discutida na entrevista concedida por Edson Plá Monterosso, coordenador do Departamento de Resíduos Sólidos do SANEP, ao programa Edição da Manhã da RádioCom Pelotas. O gestor destacou o impacto do descarte incorreto e os esforços da autarquia para minimizar os efeitos do problema, reforçando a importância da responsabilidade coletiva no cuidado com a cidade.

Descarte inadequado e seus impactos

Edson Plá apontou que o principal problema enfrentado pela limpeza urbana em Pelotas é comportamental. Mesmo com 100% da área urbana atendida por coleta seletiva e com a existência de cinco ecopontos, sete cooperativas e mais de 70 escolas participantes do projeto ambiental ‘Adote uma Escola’, a população continua descartando recicláveis nos contêineres destinados a resíduos orgânicos.

“Hoje, grande parte dos materiais que encontramos nos contêineres são recicláveis, que deveriam ser descartados em locais apropriados. Isso gera sujeira, mau cheiro e retrabalho diário para as equipes de limpeza”, explicou.

A má utilização dos contêineres também tem provocado situações graves de vandalismo. Segundo o coordenador, entre 10 e 12 contêineres são incendiados por mês, além de diversos equipamentos danificados por descarte de entulhos de obras e pelo roubo frequente de rodas.

Frequência de coleta e estrutura disponível

De acordo com Edson, nenhuma residência de Pelotas fica sem coleta regular ao longo da semana. “Nos locais com contêineres, são sete dias de coleta orgânica mais dois de seletiva. Onde não há contêineres, são cinco dias no total. Isso torna injustificável o descarte fora do horário ou em locais inadequados”, afirmou.

A cidade conta ainda com um carrinho elétrico que faz a coleta seletiva diariamente na região central, além de um ecoponto próximo à área do comércio - localizado na Avenida JK. Apesar disso, muitas pessoas alegam que faltam pontos de descarte no centro, o que, segundo o coordenador, se deve à necessidade de espaço físico necessário para operar um ecoponto com segurança e eficiência.

Educação ambiental como solução de longo prazo

Um dos destaques da entrevista foi o projeto Adote uma Escola, que atua na educação ambiental de crianças da rede escolar. Os alunos e suas famílias são incentivados a levar materiais recicláveis até a escola, onde são pesados e destinados às cooperativas. Parte do valor arrecadado com a venda desses materiais retorna para as instituições de ensino.

“O projeto busca formar uma nova geração mais consciente. A ideia é que o aluno leve esse conhecimento para casa e influencie os adultos”, explicou Edson. Ainda assim, ele reconhece que educar as gerações mais velhas é um desafio maior, mas essencial.

“A cidade não vai ficar limpa se a população não colaborar. Não temos uma máquina mágica que separe automaticamente os resíduos. Precisamos da participação de todos”, reforçou.

Riscos à saúde e à infraestrutura

O descarte inadequado também afeta diretamente a drenagem urbana. O coordenador relatou que sofás, pneus, colchões e até geladeiras são retirados das casas de bomba da cidade durante as limpezas periódicas. Esses objetos comprometem o funcionamento dos sistemas de escoamento, especialmente em períodos de chuva e aumentam o risco de alagamentos.

Além disso, os resíduos acumulados geram proliferação de insetos e roedores, representando uma ameaça à saúde pública. “Estamos em um momento de alerta com a dengue, por exemplo. A conservação do ambiente é também uma questão sanitária”, alertou.

Participação cidadã e corresponsabilidade

Edson encerrou a entrevista com um apelo direto à população: “Quem gera resíduo é um agente poluidor e, por isso, deve ser corresponsável pelo seu destino. A prefeitura não adoece, quem adoece são as pessoas. É preciso entender que todos fazem parte do problema e também da solução”.

A mensagem reforça a necessidade de mudança de comportamento coletivo, a partir de ações simples como separar corretamente os resíduos, respeitar os horários de coleta e utilizar os pontos de descarte apropriados.

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.



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