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Edição da Manhã: projeto leva saberes da pesca artesanal para jovens da Colônia Z3 e Pontal da Barra

Edição da Manhã: projeto leva saberes da pesca artesanal para jovens da Colônia Z3 e Pontal da Barra

A pesca artesanal carrega séculos de conhecimentos transmitidos entre gerações, moldando identidades, culturas e modos de vida. Em meio a ameaças ambientais e mudanças sociais aceleradas, iniciativas que preservam e valorizam esses saberes se tornam fundamentais — especialmente quando envolvem a juventude das comunidades tradicionais.

Foi com esse espírito que o programa Edição da Manhã, da RádioCom Pelotas, recebeu Ederson Silva, professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), pesquisador do laboratório MARéSS e coordenador técnico do projeto “Saberes Tradicionais da Pesca Artesanal”. A entrevista abordou os detalhes do projeto, que oferecerá formação a jovens do ensino médio da Colônia Z3 e Pontal da Barra, em Pelotas.

O que é o projeto Saberes Tradicionais da Pesca Artesanal

Desenvolvido pela FURG no campus de São Lourenço do Sul, o projeto “Saberes Tradicionais da Pesca Artesanal na Produção de Alimentos Sustentáveis e Socioambientalmente Justos” surgiu a partir de uma emenda parlamentar do deputado federal Dionilso Marcon (PT). A proposta atua em três frentes: a documentação de saberes, a qualificação sanitária da produção artesanal de alimentos e a formação de jovens das comunidades pesqueiras.

“Queremos registrar práticas que vêm se perdendo com o tempo. Como se limpa um peixe? Como se faz um bolinho de peixe? Isso não se aprende na escola, se aprende com a mãe, com a avó. É isso que estamos documentando”, destacou Ederson.

Além do registro audiovisual e escrito desses conhecimentos, o projeto investe em ações para melhorar a inserção dos produtos da pesca artesanal no mercado, com apoio técnico de uma veterinária experiente na área.

Formação de jovens: a nova geração da pesca artesanal

O destaque da iniciativa é o trabalho com 20 jovens de 14 a 24 anos, filhos de pescadores artesanais. Durante dez meses, eles participarão de encontros quinzenais e receberão uma bolsa mensal de R$500. A proposta não é ensinar a pescar, mas oferecer uma formação cidadã e crítica sobre o universo da pesca.

“Nosso objetivo é formar lideranças que compreendam sua realidade, que se envolvam com políticas públicas, que saibam defender seus territórios”, afirmou o coordenador.

As aulas abordarão temas como saúde e segurança ocupacional dos pescadores, direitos sociais, comunicação e produção audiovisual. Os encontros utilizarão metodologias de educação popular e educomunicação, valorizando o conhecimento dos próprios jovens e de suas famílias.

O valor do conhecimento tradicional

Parte essencial do projeto é o registro dos saberes tradicionais da pesca. Essa missão está sendo conduzida por uma equipe multidisciplinar coordenada pela antropóloga Lisa Bilhalva, que utiliza uma metodologia adaptada do IFAM para a criação de um inventário participativo.

“Queremos que as próprias comunidades reconheçam e registrem seus conhecimentos. Há práticas que resistem ao tempo, mesmo diante da tecnologia. É nossa missão valorizá-las”, explicou Ederson.

Além de documentar técnicas, o projeto pretende reforçar o pertencimento cultural. Lideranças comunitárias e pescadores experientes serão convidados a compartilhar histórias e vivências nos encontros com os jovens, fortalecendo vínculos com as raízes locais.

Um projeto piloto com impacto social

Segundo Ederson Silva, esta é a primeira experiência com esse formato na região. O projeto é considerado piloto, mas já nasce com o apoio da Prefeitura de Pelotas e com inspiração em iniciativas semelhantes pelo Brasil. A aula inaugural acontecerá no sábado, às 15h, com a presença de lideranças como o professor Sicero Miranda, da comunidade da Ilha da Torotama, e Fabiane Fonseca, do Pontal da Barra.

A escolha por Pelotas se deu por orientação do deputado Dionilso Marcon, e inclui jovens da Z3 e do Pontal da Barra — regiões bastante afetadas pelas recentes enchentes e com forte presença de famílias pescadoras.

“É um momento muito difícil. As famílias enfrentam duas safras ruins. Essa bolsa, para muitos, será uma forma de ajudar em casa. Mas mais que isso, é uma oportunidade de formação e pertencimento”, reforçou o entrevistado.

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.



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