O número de casos de dengue em Pelotas saltou de 30 a 40 casos por ano para 600 confirmações em 2024 - inclusive com a ocorrência de um óbito no município. O aumento de casos traz preocupação à gestão da saúde, conforme revelou a secretária Ângela Vitória nesta segunda-feira (13/1) em entrevista ao programa Edição da Manhã da RádioCom. A estratégia planejada tem, além da campanha de conscientização da população em relação às medidas preventivas, o uso de mosquitos infectados pela bactéria Wolbachia e a habilitação de Pelotas para receber a vacina contra a dengue.

Ações Contra a Dengue

- Mutirões de limpeza: Um mutirão será iniciado no Fragata, bairro que concentra 49% dos focos de mosquito. A ação - integrada à Secretaria de Serviços Urbanos - envolverá limpeza de ruas, domicílios e terrenos baldios. O segundo bairro com o maior número de casos é o das Três Vendas. Justamente os dois pontos de entrada na cidade.

- Reforço de equipes: Atualmente, o município tem apenas 52 agentes de endemias, embora o ideal seriam 90. Ângela Vitória anunciou planos de contratar novos profissionais e equipar adequadamente a equipe, com aquisição de materiais - como botas e macacões -, cujos recursos já estavam disponíveis desde 2024, mas ocorreu a compra dos equipamentos.

- Vacina contra a dengue: A vacina ainda não foi disponibilizada para Pelotas, mas a prefeitura está em contato com o Ministério da Saúde para garantir a inclusão do município no programa federal.

A secretária destacou o uso de tecnologias inovadoras no combate à dengue, como os mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia. O programa é desenvolvido pela Fiocruz. Essa técnica reduz a capacidade de reprodução do Aedes aegypti e já é empregada em outras regiões do país. Pelotas está pleiteando sua inclusão no programa nacional, que ainda conta com produção limitada. A introdução desses mosquitos requer planejamento técnico, incluindo transporte adequado e liberação em pontos estratégicos do município.

A secretária da saúde também enfatizou a necessidade de fortalecer a atenção primária à saúde em Pelotas, com maior integração entre a população e as unidades básicas de saúde (UBS). Ela revelou planos para reorganizar os territórios atendidos pelas UBS, garantindo proximidade entre moradores e serviços, o que facilitará a disseminação de informações sobre doenças como a dengue e outras demandas de saúde. A proposta será debatida durante a Conferência Municipal de Saúde, que está prevista para março ou abril deste ano, oferecendo à comunidade a oportunidade de contribuir com sugestões para aprimorar o atendimento.

Além disso, Ângela Vitória reforçou o papel crucial da população na prevenção à dengue. A manutenção dos ambientes livres de água parada e resíduos acumulados é fundamental para reduzir os focos do mosquito Aedes aegypti. Ela alertou que o pico de casos costuma ocorrer em março e abril, após o período de calor e umidade possibilitar o desenvolvimento do mosquito. Por isso, destacou a importância de ações preventivas agora, antes que a situação se agrave.

A Secretaria de Saúde de Pelotas enfrenta o desafio de controlar a epidemia de dengue enquanto tenta reorganizar a atenção primária e melhorar os serviços básicos de saúde, em meio a limitações estruturais e falta de recursos suficientes.

*Assista a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.