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Em depoimento de 8h, Cid confirma à PF que ex-comandantes receberam minuta do golpe, diz jornal
Durou mais de oito horas o depoimento à Polícia Federal (PF) do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O interrogatório sobre a tentativa de golpe de Estado começou às 15h de ontem. O depoimento, que terminou por volta das 23h30, foi tomado na sede da PF em Brasília. Ele deixou o prédio por volta de 0h15.
Um dos focos das perguntas foram as mensagens trocadas com militares e reuniões sobre as “minutas golpistas”. A oitiva do ex-ajudante de ordens ganhou ainda mais relevância após dois ex-comandantes das Forças Armadas confirmarem reuniões para tratar de termos de uma minuta para um golpe de Estado.
No dia 16 de fevereiro, o ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, disse à Polícia Federal ter presenciado as reuniões. Em 1º de março, foi a vez de o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, confirmar a informação — e acrescentar que Bolsonaro estava presente nessas ocasiões.
De acordo com o jornal Correio Braziliense, Cid destacou à PF que se encontrou com os então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, Marinha, Almirante Garnier, e da Aeronáutica, Baptista Junior, quando lhes foi apresentada uma minuta golpista que invalidaria o resultado das eleições e prenderia autoridades como o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
O depoimento de Cid foi convocado pela PF com o objetivo de esclarecer lacunas sobre mensagens encontradas nos celulares e documentos, e pontos ainda em aberto após as dezenas de depoimentos de testemunhas sobre o golpe de Estado e a “Abin paralela”.
O advogado Cezar Bittencourt, responsável pela defesa do ex-ajudante de ordens, afirmou que o tenente-coronel não omitiu nenhuma informação e que não teria medo de nada.
Cid já prestou vários depoimentos a autoridades como parte de seu acordo de delação premiada. Em oitivas anteriores, ele não disse se Bolsonaro teria planejado dar um golpe de Estado para se manter no poder. O militar reconheceu que foram promovidas reuniões nas quais se discutiram “minutas golpistas”, mas não mencionou se o ex-presidente cogitava levar um plano adiante.
Bolsonaro é investigado em inquérito que apura se pretendia decretar estado de sítio ou de defesa para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumisse o Palácio do Planalto.
Reunião golpista
De acordo com a PF, em áudio enviado por Mauro Cid ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, foi comunicado que empresários participaram de uma reunião com Bolsonaro em 7 de novembro de 2022. Entre os presentes, estavam o fundador da Tecnisa, Meyer Nigri, e o dono da Havan, Luciano Hang.
“Na conversa que ele teve depois com os empresários, ele estava, tava o Hang, estava aquele cara da Centauro, estava o Meyer Nigri. É, estava o cara do Coco Bambu também, ele também. Tipo, quem falou, ó… O governo Lula. Vai, vai, vai, vai cair de podre, né? Pessoal ficou um pouco de moral baixo porque os empresários estavam querendo pressionar o presidente a pressionar o MD a fazer um relatório, né, contundente, duro né? Pra virar jogo, aqueles negócios”, diz Mauro Cid, em áudio obtido pela Polícia Federal.
As investigações da PF apontam que Mauro Cid mantinha o general Freire Gomes informado das articulações golpistas discutidas dentro do Palácio da Alvorada. O ex-ajudante de ordens, no entanto, não citou a reunião dos empresários com Bolsonaro na delação premiada.
Segundo a PF, o diálogo de Mauro Cid “revelou que os empresários Meyer Nigri e Luciano Hang, investigados (…) pela prática de atos antidemocráticos, com disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, teriam reiterado a prática de condutas ilícitas, instigando o então presidente para que o Ministério da Defesa fizesse um relatório mais duro, contundente com o objetivo de ‘virar o jogo’”.
Mauro Cid não será promovido
A alta cúpula militar decidiu que Cid não será promovido a coronel do Exército. A promoção poderia acontecer no início de abril pelo tempo de serviço prestado por Cid. Mas isso não vai acontecer pelo desgaste que seria para o Exército em meio ao escândalo da tentativa de golpe por Bolsonaro e seu grupo.
Além disso, ele é investigado em outras apurações da Polícia Federal (PF), como a que trata da venda das joias dadas de presente pelo governo saudita para a Presidência da República.
A cúpula militar entende que Cid será denunciado pela Procuradoria-Geral da República nas próximas semanas, o que já barraria a promoção por si só. A denúncia da PGR depende de a PF enviar o caso, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, entender que há elementos para pedir a condenação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação sobre Cid que está mais adiantada é a da fraude do cartão de vacina de Bolsonaro e aliados. A PF entende que o registro eletrônico do cartão foi falsificado para constar que Bolsonaro se vacinou contra a Covid — sendo que ele não se vacinou — e assim poder entrar em outros países que exigem a imunização.
Fonte: ICL
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