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Fome de ciência: a política de exclusão das mulheres negras na academia
Ao pensar o tema do artigo passei por diversos questionamentos, pois temos fome de muitos direitos no Brasil. Fome de Justiça, de Educação, de Saúde, de Trabalho e tantos outros direitos que são retirados do povo negro, indígena, quilombola, das mulheres, jovens periféricos e demais pessoas que vivem marginalizadas.
No entanto, um tema tem me acompanhado ultimamente. Uma questão que vez ou outra aparece através de perguntas. O que você vai fazer agora que terminou o doutorado? Quer ser professora? Vai continuar pesquisando? Perguntar seguidas de uma pressão por ter finalizado o maior nível de formação acadêmica.
Com tudo, essas questões são logo respondidas quando vejo os dados sobre a participação de mulheres negras, pretas e pardas, na produção científica brasileira. Dados alarmantes que começam no acesso a uma graduação, pois segundo o Censo da Educação Superior de 2016, estima-se que apenas 10,4% das mulheres negras têm acesso ao ensino superior e menos 3% conseguem fazer parte das atividades de ensino e pesquisa nas instituições acadêmicas.
Na pós-graduação os dados pioram. De acordo com as informações da área de Tecnologia da Informação do CNPq, das bolsistas de doutorado-sanduíche vigentes no país, apenas 4,9% das mulheres negras são bolsistas, enquanto as brancas são 30,9% e não há nenhuma indígena beneficiada.
Essa desigualdade permeia a caminhada das mulheres negras que, assim como eu, estão na busca por qualificação e melhores condições de vida. Apesar das mudanças recentes, com a ampliação das bolsas e editais que promovem o seu acesso, a participação dessas sujeitas sociais ainda é bastante desigual.
Os obstáculos são grandes e só podem ser superados quando existem políticas de Estado que garantam o acesso às populações historicamente excluídas, a exemplo, as cotas nas Universidades, bolsas específicas para pessoas negras e o aumento de investimentos na ciência brasileira.
Fonte: Brasil de Fato
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