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Fome e exaustão: Sindicato da Alimentação vai até a Mariza Foods para denunciar péssimas condições de trabalho
Uma manifestação realizada nesta quarta-feira (9) em frente à empresa Mariza Foods escancarou uma série de denúncias graves envolvendo as condições de trabalho enfrentadas pelos funcionários. A principal queixa envolve jornadas exaustivas, sem pausas adequadas para alimentação e descanso, além de relatos de assédio moral, ambiente insalubre e exigências ilegais nos atestados médicos.
A mobilização foi organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Pelotas, com o apoio de outras entidades sindicais da região. Lair de Mattos, presidente do Sindicato da Alimentação, e Cléber Kickhofel, secretário de Patrimônio, participaram do ato e deram detalhes sobre as denúncias feitas contra a empresa.
Denúncias de jornada exaustiva e ausência de pausas
Durante a manifestação, Lair de Mattos afirmou que “a jornada começa de manhã às 7 horas e vai até o meio-dia, e de tarde até às 19h, sem intervalo para descanso ou alimentação. É uma indignidade”. Segundo ele, a Mariza Foods é a única empresa da indústria alimentícia em Pelotas com esse tipo de jornada. “É trabalho braçal, que provoca desgaste físico e dá fome. Alimentação só ao final da jornada”, reforçou.
Cléber Kickhofel confirmou que os funcionários passam 11 horas em pé, com apenas uma hora de intervalo. “Esses trabalhadores pegam às 7 da manhã e vão até o meio-dia, depois voltam das 13h até às 19h da noite. E isso sem nenhum intervalo, sem nenhuma ajuda para alimentação também”, declarou. Ele frisou que nem mesmo pausas curtas para um café são permitidas. “Não têm direito a 15 ou 20 minutos para descanso pela manhã ou pela tarde”, criticou.
Falta de refeitório, calor e ambiente insalubre
Os sindicalistas também relataram condições físicas inadequadas nas unidades da empresa em Pelotas e Capão do Leão. “No verão, estava aquele calorão, e o sindicato teve que entrar em ação para cobrar ventiladores. Não tinha ventiladores, não tinha ventilação. Quando é frio, é úmido, ruim de se trabalhar”, afirmou Cléber.
Lair relatou que os funcionários não recebem almoço e são obrigados a levar comida de casa. “Muitos saem de casa às seis da manhã e trazem uma marmita feita no dia anterior. No verão, a tendência é o alimento estragar. A empresa não oferece restaurante, como é comum em outras indústrias”, apontou. O presidente também alertou que, se o sindicato não tivesse pressionado, “nenhuma providência teria sido tomada”.
Assédio moral, exigências ilegais e atraso nos salários
O ambiente de trabalho também é alvo de denúncias de assédio moral. “Há xingamentos, pressão da chefia por mais produção, e até regulagem para ir ao banheiro”, denunciou Cléber. Segundo ele, essas práticas ferem a dignidade dos trabalhadores e vêm sendo comunicadas às autoridades.
Outra queixa grave envolve a exigência de identificação do CID (Classificação Internacional de Doenças) nos atestados médicos. “Isso é ilegal. A empresa não pode exigir que o atestado contenha a doença. Isso é assunto entre o trabalhador e o médico”, frisou Lair. Ele também denunciou que a Mariza Foods desconsidera o sábado como dia útil para pagar os salários em atraso: “Até nisso, a empresa age com mesquinharia”, disparou.
Unidade sindical e medidas judiciais em curso
A manifestação teve apoio de diversos sindicatos da região, como o Sindicato da Alimentação de Camaquã e Região, Bancários, Metalúrgicos, Trabalhadores de Postos de Gasolina e Trabalhadores do Comércio de Gás.
“Estamos tomando medidas na esfera judicial. Além disso, já levamos todas essas denúncias ao Ministério Público e ao Ministério do Trabalho”, disse Cléber ao falar sobre os encaminhamentos após as denúncias. Lair complementou: “Tentamos negociar, dialogar com a empresa, mas ela se mostrou intransigente. Por isso, estamos aqui e voltaremos quantas vezes for necessário”.
O sindicato também convocou os trabalhadores a manterem as denúncias: “Mandem mensagens, avisem o sindicato. Às vezes não ficamos sabendo de tudo. É importante que os trabalhadores continuem relatando as irregularidades”, incentivou Lair de Mattos.
Fonte: Sindicato da Alimentação
Imagem: Leo Cardoso
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