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Hacker Walter Delgatti é condenado a 20 anos de prisão

Hacker Walter Delgatti é condenado a 20 anos de prisão

São Paulo – A Justiça de primeira instância condenou hoje (21) o hacker Walter Delgatti Neto a 20 anos e 1 mês de prisão. A pena tem relação com a Operação Spoofing, da Polícia Federal (PF), que investigou o vazamento de diferentes autoridades. Entre elas, destaque para conversas entre o então juiz, bolsonarista Sergio Moro, e seu par ideológico Deltan Dallagnol, à época membro do Ministério Público. As conversas evidenciaram um conluio para dar sentenças combinadas, o que resultou na prisão injusta de adversários políticos, como a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O escândalo ficou conhecido como Vaza Jato.

Delgatti já está preso, mas no momento em uma preventiva relacionada a outra investigação. O hacker afirma, com provas e detalhes, que foi pago pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) para tentar fraudar o sistema eleitoral do Brasil. Sem conseguir em razão da segurança das urnas, Zambelli e o ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro (PL), pediram para ele criar uma mentira sobre os dispositivos. Além disso, pediram para que ele grampeasse o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

De acordo com relato de Delgatti na última semana à CPMI que investiga os atos golpistas de bolsonaristas no dia 8 de janeiro, Bolsonaro também
ofereceu segurança ao hacker na forma de um indulto, caso ele fosse preso.

O julgamento

A sentença foi proferida pelo juiz substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal Ricardo Augusto Soares Leites. Ele disse ter provas de que inúmeras autoridades foram hackeadas. Delgatti mesmo, na CPMI, confessou que invadiu dispositivos de centenas de autoridades. “A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, disse o juiz.

O magistrado também revelou que Delgatti teria oferecido os materiais à imprensa por R$ 200 mil. “Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado. É reincidente, conforme comprova sua ficha criminal e possui outros registros
penais”, completou.

Juiz polêmico

O juiz Soares Leite tem como hábito decisões extremas, alvo de críticas. Em 2018, o juiz substituto atropelou o andamento de um processo contra Lula e determinou que ele entregasse seu passaporte. A condenação teve relação com a operação Lava Jato. Um ano antes, ele foi responsável por determinar a suspensão dos trabalhos do Instituto Lula. Esta decisão, uma bizarrice jurídica a parte, foi tomada de ofício, sem pedido do Ministério Público. Vale lembrar que, de acordo com a separação de poderes e as normas constitucionais, o Judiciário só age, em regra, quando provocado.

Já em 2015, funcionários do alto escalão do Ministério Público Federal (MPF) pediram o afastamento do juiz da Operação Zelotes. Na época, ele negou uma série de procedimentos investigativos e pedidos de prisões contra sonegadores e corruptos em esquema no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O esquema beneficiava empresas com anulação de multas.

FONTE: RBA

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