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Lula com Boulos no ABC: ‘Nós vamos voltar. E a gente vai consertar este país’

Lula com Boulos no ABC: ‘Nós vamos voltar. E a gente vai consertar este país’

Ex-presidente afirmou ainda que preços praticados pela Petrobras “vão voltar a ser brasileiros”. E pediu cuidado com as “fake news” no processo eleitoral.

Na semana em que Guilherme Boulos (Psol) abriu mão da disputa pelo governo paulista em nome da ampliação de uma frente progressista, os sem-teto receberam o ex-presidente Luiz Inácio Lula do Silva em Santo André, na região do ABC, em uma antiga ocupação que hoje abriga dois condomínios, com 910 apartamentos. Com os simbólicos nomes de Pinheirinho e Santo Dias. O petista defendeu o nome de Boulos para a prefeitura paulistana em 2024 e falou em “consertar este país” em um possível retorno à Presidência da República a partir das eleições de outubro.

Ao mesmo tempo, o ex-presidente voltou a chamar a atenção para a importância da votação para deputados e senadores: “Quem vai fazer as leis é o Congresso Nacional”. E pediu cuidado com as fake news no processo eleitoral. “A partir de agora, temos que ficar com muito cuidado com a fábrica de mentiras deles, com as mentiras da família Bolsonaro, com os milicianos deles. A gente precisa olhar bem, porque foi assim que eles ganharam a eleição de 2018. E a gente não vai fazer o jogo rasteiro deles”, disse Lula, ao lado de Boulos e do ex-ministro Fernando Haddad, pré-candidato ao governo estadual. Também participaram, entre outros, os presidentes do PT paulista, Luiz Marinho, e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, em evento com cantoria e rap.

Minha Casa Minha Vida

Logo após a fala, de 30 minutos, Lula foi visitar um dos 910 apartamentos, a convite do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Os condomínios se originaram de ocupação, em 2012, no bairro Jardim do Estádio, não muito distante da divisa com São Bernardo do Campo. E, segundo a assessoria do ex-presidente, “foi a maior obra financiada pelo programa Minha Casa Minha Vida – Entidades”. O MCMV completa 13 anos nesta sexta-feira (25). Segundo Lula, de 2009 a 2016 contratou 4,2 milhões de habitações e entregou 2,7 milhões, metade para pessoas com renda de até R$ 1.800, 46% beneficiários do Bolsa Família e 67% negros.

Cada apartamento tem 54 metros quadrados, lembrou Boulos. “A média que as construtoras faziam era 39 metros quadrados, com o mesmo dinheiro. Isso foi feito pela força do movimento social”, acrescentou. O líder sem-teto aproveitou para responder a quem chama os militantes do movimento de “vagabundos”.

Subindo a rampa em janeiro

“Vagabundo é quem ficou 27 anos no Congresso e não fez nada, só rachadinha e esquema de gabinete. É quem fica passeando de moto e jet ski enquanto o povo brasileiro tá na fila do osso”, afirmou Boulos. “O povo brasileiro é muito maior que essa tragédia que a gente está vivendo hoje, é muito maior que o Bolsonaro e sua turma. Esse sofrimento vai terminar no dia 1º de janeiro, com o povo subindo a rampa com Lula, para reconstruir este país.”

Reconstrução foi palavra também usada por Haddad ao lembrar dos governos petistas e projetar o próximo. “O que nós fizemos foi colocar na agenda política do país o óbvio: moradia, diploma, emprego, trabalho. E isso incomodou essa elite, essa burguesia tacanha. Eles não mediram as consequências dos atos, destruir as instituições, a democracia, os programas sociais. Só que agora é com Lula que vamos reconstruir o que eles destruíram.”

Estatais e preço da gasolina

Em seu pronunciamento, o ex-presidente se referiu também à política de preços da Petrobras e defendeu empresas estatais, como Eletrobras, Caixa, Banco do Brasil e Correios, algumas na lista de privatizações do atual governo. “Tem muita gente que não sabe por que a gasolina está cara. Vocês veem na televisão o nosso presidente mentiroso dizendo que a gasolina tá cara por causa da guerra na Ucrânia. É mentira. O Brasil é autossuficiente em petróleo. O que falta é fazer as refinarias que eles pararam de fazer. Nós vamos voltar. A Petrobras vai voltar a ser brasileira, e os preços vão voltar a ser brasileiros”, afirmou Lula.

Para ele, o programa habitacional é exemplo de que “pobre gosta de coisa” e não de pegar a xepa na feira. “Quem é que criou a maldita ideia que pobre gosta de tudo de segunda e de terceira? Se Deus quiser, a gente vai procurar (mostrar) que esse povo vai ser tratado com dignidade e respeito outra vez. Este país é governado por um presidente que nunca falou a palavra educação, a palavra livro. Só sabe falar em arma, arma, arma, porque é o jeito que ele aprendeu.” Quase no final, Lula aceitou o convite de Boulos para um churrasco, talvez em 2023, em um dos conjuntos habitacionais originados do movimento. Com uma condição: “Não aceitamos osso”.

Por Vitor Nuzzi, da RBA


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