Ontem ,quinta-feira (8), realizou-se uma assembleia na Faculdade de Educação (FAE- UFPEL). O movimento estudantil organizado por meio do DCE-UFPEL, realizou essa assembleia para reunir os alunos e alunas dos cursos de pós-graduação em educação da universidade.

As lideranças fizeram uma fala inicial comunicando os passos da mobilização contra os cortes nos recursos na educação pública.

" Vivemos um momento muito difícil, de não pagamento das bolsas, estamos nessa situação de não podemos permanecer nas casas, pagar nossas contas. Para além disso, todas as categorias da universidade como um todo foram afetadas, explicou a estudante e integrante do DCE, Júlia Clasen, estudante do doutorado em Educação.

O professor, um dos membros do DCE e mestrando em educação na UFPEL, Leonardo de Andrade, também fez seu relato durante a assembleia.

" Primeiro eu lamento que tenham poucos alunos especialmente bolsistas aqui hoje. Eles foram e são diretamente afetados pelo que está acontecendo. Muitos de nós precisam dessa bolsa cotidianamente para pagar aluguel, natal e outras despesas. Penso que é tão grave a situação que me lembro do que dizia o grande antropólogo Darcy Ribeiro " a crise na educação não é uma crise e sim um projeto. Por isso, precisamos lutar e estarmos ainda mais mobilizados ".

Instituições de ensino recebem verba para pagamento de auxílios

O governo federal depositou nesta quintta-feira (8) valores para o pagamento do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). A medida foi possível após realocação de valores por parte do Ministério da Economia. As universidades federais de Pelotas (UFPel), Rio Grande (Furg), do Pampa (Unipampa) e o Instituto Federal Sul-riograndense (IFSul) confirmaram o recebimento e, a partir desta sexta, devem começar a realizar os repasses aos alunos bolsistas e que recebem auxílios. As bolsas de pós-graduação e residência médica, porém, seguem sem previsão de pagamentos.

A informação foi publicada pelo presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Marcelo Fonseca. O Ministério da Educação recebeu R$ 300 milhões, recursos ainda insuficientes para todos os pagamentos de contas das instituições federais de ensino, impossibilitados após bloqueio na última semana. Dessa maneira, cobranças como luz, água, internet, aluguéis, empresas terceirizadas e prestadores de serviços seguem em atraso e sem possibilidade de ser pagas ou empenhadas. A UFPel, por exemplo, já teria sido acionada pela CEEE Equatorial por atrasos em contas de luz, segundo a reitora Isabela Andrade.

O titular da pró-reitoria Administrativa da UFPel, Ricardo Peter, explicou ao DP que o repasse foi de cerca de R$ 1,5 milhão, exclusivamente às despesas do Pnaes. Parte dos benefícios já foram pagos nesta quinta. "Porém, por uma questão de compensação de valores dentro do sistema financeiro (sistema bancário), muitos alunos e alunas terão o valor disponível em suas contas somente na segunda ou terça-feira próxima", explicou por meio de texto. Ele reforçou também que o valor acaba não mitigando o déficit, ainda de em torno de R$ 4,5 milhões, podendo inviabilizar alguns serviços. Os valores ainda cortados seriam destinados a despesas tais como contas de energia e água, contratos diversos, prestadores de serviços, fornecedores, dentre outras. Ele aponta que o valor aumenta diariamente, já que serviços previamente empenhados seguem sendo realizados.

No IF, alívio temporário
O reitor do IFSul, Flávio Nunes, diz que R$ 1,2 milhão foi liberado à instituição. Ele relata que a gestão recebeu a informação pela manhã e com alívio. "E já começamos os procedimentos para fazer o pagamento da assistência estudantil. O valor que veio foi específico para a assistência", aponta. Porém, ele reforça que a pressão continua, já que terceirizados e serviços seguem sem condições de pagamento. "Os demais contratos, todos os serviços materiais que foram entregues no mês de novembro, continuam sem a possibilidade de liquidar." Ele acredita que nesta sexta os alunos devem começar a receber os auxílios alimentação, transporte e moradia.

Nesta sexta os reitores devem se encontrar com o governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Jr. (PSDB), para debater a crise financeira. "Foi devolvido para a UFPel hoje [quinta] o financeiro referente a um quarto daquilo que deveria retornar. Então, a mobilização permanece porque, de qualquer modo, a gente ainda tem uma série de compromissos que não vão ser pagos com esse recurso", diz Isabela Andrade.

Já na próxima quarta-feira, uma audiência pública, às 19h, na Câmara de Vereadores de Pelotas, irá debater a crise orçamentária. O encontro foi proposto pelo vereador Jurandir Silva (PSOL).

A ocupação do Campus 2 da UFPel por parte dos estudantes também continua. Segundo informou o membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Victor Oliveira, a demanda é também pelos pagamentos de bolsas da pós-graduação e, enquanto não houver o depósito, o movimento continua.

Reportagem Fábio Cóssio com informações complementares do Diário Popular

Fotos: Fábio Cóssio