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MST no RS retoma Festa da Colheita do Arroz Agroecológico e celebra maior produção da América Latina

MST no RS retoma Festa da Colheita do Arroz Agroecológico e celebra maior produção da América Latina

Seguindo a sua diretriz de produzir e partilhar alimentos saudáveis para alimentar o campo e a cidade, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra celebrou nesta sexta-feira (18), a 19ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, no Rio Grande do Sul. O evento aconteceu no Assentamento Capela, em Nova Santa Rita, onde está localizada a Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), um dos principais empreendimentos de alimentos orgânicos na região Metropolitana de Porto Alegre.

A Festa foi retomada depois de dois anos sem ocorrer de forma presencial devido à pandemia da Covid-19. Ao todo, mais de 1.300 pessoas, de várias regiões do estado e do país, participaram, respeitando os protocolos sanitários. Conforme o assentado Marildo Mulinari, que faz parte da coordenação do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, o evento tem o objetivo de celebrar com a sociedade gaúcha a produção orgânica, que é uma alternativa viável diante do cenário de fome e de crises que o país enfrenta, sobretudo a ambiental.

“Temos muito orgulho do projeto de agricultura que construímos, com respeito à vida, às pessoas, à natureza. A nossa produção também é de solidariedade, doando comida a quem precisa de ajuda para não passar fome. Nós vamos seguir com a bandeira da agroecologia, produzindo alimentos saudáveis e realizando nossas ações solidárias. Por isso, a festa é mais um momento de partilha do resultado desse trabalho do agricultor com quem está na ponta”, disse.

A tradicional colheita simbólica foi um dos momentos mais aguardados da Festa. Enquanto o arroz orgânico era colhido, o público aplaudia em pé nas margens da lavoura. O MST, há dez anos, lidera o ranking de maior produtor do alimento na América Latina, conforme levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga).

A festa também contou com ato político, com autoridades e lideranças que demonstraram seu apoio ao MST e à produção de alimentos saudáveis. Foto: Gabriela Felin

Na safra 2021/2022, a estimativa é colher mais de 15.500 toneladas (310 mil sacas), numa área de 3.196,23 hectares. A produção ocorre em 14 assentamentos, localizados em 11 municípios das regiões Metropolitana, Sul, Centro Sul e Fronteira Oeste. O cultivo é feito por 296 famílias, que estão organizadas em nove cooperativas da Reforma Agrária. As principais variedades plantadas são agulhinha e cateto.

A assentada Seleni de Lima, moradora do Assentamento Filhos de Sepé de Viamão, comenta que celebrar os resultados da produção fortalece o trabalho que as famílias do MST fazem há mais de 20 anos. Como produtora de arroz orgânico, ela ressalta que foi a organização coletiva que levou o movimento a ser referência na cadeia produtiva, e que as mulheres também têm protagonismo. “Nós estamos inseridas na produção diretamente ou indiretamente, seja dando suporte para os companheiros trabalharem na lavoura, seja no banhado, dirigindo trator e semeando”, relata.

Além de experimentar uma refeição com arroz orgânico e prestigiar a colheita na lavoura, quem esteve no evento também pôde participar de estudos com o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Marques, sobre crises ambientais; e o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, sobre a atual situação social, política e econômica do país. Um dos pontos destacados pelo dirigente é a urgência da retomada de políticas públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que são fundamentais para estruturar as cadeias produtivas e combater a fome no país.

“Precisamos recuperar políticas que protejam e garantam o abastecimento alimentício. E isso depende da produção de alimentos e do consumo. O agricultor precisa de políticas que possibilitem a ele plantar e vender, como o PAA e o PNAE fizeram. E na ponta, para o consumidor, o Estado tem que retomar a garantia da política de emprego e de valorização do salário mínimo, porque a primeira coisa que ele faz quando tem dinheiro é correr ao supermercado e à padaria, para se alimentar melhor. Nós precisamos de uma política de desenvolvimento baseada em investimentos pesados na indústria, na agricultura”, disse.

A Festa do Arroz Agroecológico também contou com ato político. Autoridades e lideranças se revezaram nas falas em apoio ao MST e à produção de alimentos saudáveis. Prefeito de Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella disse que é uma alegria muito grande para o município ter quatro assentamentos da Reforma Agrária, todos produzindo alimentos agroecológicos. Inclusive, este ano, a Festa da Colheita compôs a programação oficial de comemoração dos 30 anos de emancipação da cidade.

“Para nós, é motivo de orgulho ter o MST junto conosco. Estamos produzindo e levando alimentos para as grandes cidades, gerando mais empregos e renda para o nosso município. Nós estamos nos tornando referência estadual na alimentação orgânica. Nós temos aqui em Nova Santa Rita uma legislação que protege essa produção. Temos certeza que vamos continuar firmes e fortes, o poder público, os assentamentos da Reforma Agrária e o MST”, apontou.

Com a participação de mais de 1.300 pessoas, a festa presencial foi retomada após dois devido à pandemia da Covid-19. Foto: Gabriela Felin

O deputado Edegar Pretto (PT) reforçou que a produção de arroz orgânico do MST é a comprovação de que é possível produzir alimentos saudáveis em escala, mas com respeito à vida e ao meio ambiente. Falou ainda que é preciso agradecer pela produção e do orgulho que sente pelo movimento, principalmente por ter resistido a esse tempo tão difícil de pandemia. Também lembrou que, no período da prisão injusta de Lula, o MST não deixou o povo brasileiro abandonar o ex-presidente. “Foi o MST que montou um acampamento da resistência em Curitiba, e em conjunto com outros movimentos sempre esteve na linha de frente para dar bom dia, boa tarde e boa noite ao presidente. Lula não desistiu, e nós não desistimos do Lula”, recordou.

A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) reforçou que a festa também é uma oportunidade para agradecer às famílias Sem Terra, que durante a pandemia lideraram campanhas de solidariedade de combate à fome. “Muito obrigada ao MST, que segue nos dando a maior prova de que produzir sem veneno, em escala e alimentar as cidades brasileiras, mas principalmente mostrar que estamos organizados pelo sentimento de solidariedade. E isso nos anima para reconstruir o Brasil com o presidente Lula”, argumentou.

Na safra 2021/2022, a estimativa é colher mais de 15.500 toneladas (310 mil sacas). Foto: Gabriela Felin

O evento também contou com a Feira da Reforma Agrária, que colocou à disposição dos visitantes artesanatos e uma diversa produção orgânica de assentamentos do RS, Paraná e Minas Gerais. Os diferentes momentos foram embalados por encenações teatrais e apresentação cultural do Grupo Unamérica.

Da Página do MST

*Editado por Solange Engelmann


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