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Mudanças climáticas expõem brasileiros ao perigo. Cientistas pedem ações

Mudanças climáticas expõem brasileiros ao perigo. Cientistas pedem ações

As mudanças climáticas apontam para um futuro de incertezas na humanidade. De acordo com as Nações Unidas, o planeta está próximo de um ponto onde não haverá mais retorno. Geólogos começam a analisar o período vigente como o Antropoceno. Trata-se da idade geológica do planeta em que as ações humanas influenciam de forma decisiva no clima e na biosfera. Com isso, aumentam as tragédias climáticas.

Por todo o globo, os eventos climáticos extremos ameaçam a existência humana. Cada vez com mais ferocidade. Ciclones e enchentes inéditas no Brasil, tempestades no norte da África, incêndios em florestas tropicais e em países mediterrâneos. Enquanto autoridades desdenham em cumprir metas de redução da emissão de gases do efeito estufa, mais regiões sofrem colapsos climáticos. Por esta razão, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou uma carta de apelo ao governo.

“O Brasil tem que estar muito mais preparado para lidar com a intensificação destes eventos, para poder minimizar o dano às populações vulneráveis”, escreve o vice-presidente da SBPC, Paulo Artaxo, em editorial do periódico da entidade. Não se trata nem de evitar o colapso. Agora, está em discussão a mitigação dos efeitos dramáticos das mudanças climáticas.

O cientista argumenta que, apenas em um mês, as tragédias revelaram face cruel das mudanças climáticas. “No mês de julho, vimos temperaturas extremas de 48 graus na Itália, 52 graus na Califórnia e de 49 graus na China, Índia e Paquistão. Milhares de pessoas morreram por estas extensas ondas de calor. Houve pelo menos uma tempestade mortífera em quase todos os dias de setembro.”

Evidências

“Os últimos 3 meses foram profícuos em notícias avassaladoras do aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos. O Rio Grande do Sul sofreu o impacto de um ciclone extratropical, e de fortes chuvas de cerca de 300 mm em 24 horas. Estas provocaram enchentes que deixaram um rastro de destruição, com mais de 46 mortos, centenas de feridos e desaparecidos, além de prejuízos à agricultura estimados em mais de 1 bilhão de reais”, lembra Artaxo.

Então, não se trata de algo atípico. Ao contrário, o planeta caminha para esta realidade de extremos. “Esses eventos foram os mais fortes conhecidos na história destas regiões. É claro para a ciência que a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos (inundações, secas fortes, ondas de calor, ciclones, tufões etc.) estão aumentando nos últimos 40 anos e, em particular em 2023, observamos um aumento muito significativo desses eventos climáticos extremos.”

Mudanças climáticas

Artaxo lembra que o Brasil, por suas peculiaridades que envolvem grande biodiversidade, encontra-se em situação de especial fragilidade. “Pela sua localização tropical, o Brasil é particularmente sensível ao aumento global da temperatura e ao aumento da incidência de eventos climáticos extremos. Temos que nos preparar para o aumento da incidência de grandes inundações, ciclones extratropicais, ondas de calor extremo, secas prolongadas”, disse.

Diante disso, o pesquisador pede a implementação de ações práticas, políticas públicas eficientes para proteger biomas e a população afetada. “Esses eventos trazem danos fortes à população mais vulnerável e impactam fortemente a produção agrícola e as populações urbanas e rurais. Temos que implementar o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, que deve proteger nossa população destes eventos. O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) é responsável pelos alertas de eventos extremos, enquanto as defesas civis dos estados e municípios são responsáveis pelas ações de evacuação e suportes às populações atingidas.”

Por fim, Artaxo reforça a necessidade de ação multissetorial. “O Brasil tem que estar muito mais preparado para lidar com a intensificação destes eventos, para poder minimizar o dano às populações vulneráveis. Importante salientar que a população de baixa renda é a que mais sofre com inundações e ciclones como o do Rio Grande do Sul. Então, temos que trabalhar na preparação da população, reforçando as defesas civis em todos os níveis. Bem-vindos ao novo clima de nosso planeta. Como consequência, temos que nos preparar para lidar com o novo clima, além de reduzir emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível.”

FONTE: RBA


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