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“Museus são espaços de pertencimento e cidadania”, afirma coordenadora da Rede da UFPel
A Semana de Museus da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) reafirma a potência dos museus como espaços vivos, acessíveis e fundamentais para a construção da cidadania. Com uma programação diversa e conectada às transformações sociais, os museus universitários se colocam como pontes entre o conhecimento científico, a memória coletiva e as vozes da comunidade. “Museus não são só lugares de exposição, mas de escuta e pertencimento”, afirma a professora Eleonora Santos, coordenadora da Rede de Museus da UFPel.
Durante entrevista ao programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, as professoras Eleonora Santos e Noris Leal, organizadoras da Semana de Museus 2025, apresentaram os destaques da programação e discutiram o papel das instituições museológicas como espaços de inclusão, democratização do conhecimento e protagonismo social. A iniciativa faz parte da 23ª Semana Nacional de Museus, que neste ano trabalha o tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”.
Museus abertos, acessíveis e em diálogo com a comunidade
Desde terça-feira (13), os museus da UFPel na Praça Coronel Pedro Osório — Museu do Doce, Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter e Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG) — operam em horário estendido, das 10h às 18h, sem fechar ao meio-dia. A iniciativa busca ampliar o acesso, especialmente para escolas e visitantes do turno da manhã, e reforça o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Esse horário ampliado é um esforço que a universidade faz, mesmo com as limitações de orçamento e equipe”, explicou Noris Leal. As visitas mediadas e atividades educativas se somam a exposições e oficinas que integram uma programação diversa, pensada para acolher diferentes públicos.
Segundo Eleonora Santos, os museus são espaços privilegiados para fortalecer a cidadania. “Não se trata de uma educação que entrega conhecimento de cima para baixo, mas de uma troca horizontal, que respeita a ciência, a democracia e os saberes da comunidade”, pontua. A proposta é clara: abrir as portas da universidade e desmistificar tanto a instituição quanto o museu enquanto espaços distantes ou inacessíveis.
Diversidade, pertencimento e combate à exclusão simbólica
A edição 2025 da Semana de Museus aprofunda a discussão sobre o papel dessas instituições na desconstrução de estereótipos históricos. Por séculos, universidades e museus foram vistos como territórios da elite, marcados por uma lógica excludente. “Ainda enfrentamos o desafio de derrubar a ideia de que a universidade é uma torre de marfim e o museu, um templo sacralizado”, comenta Eleonora.
As falas das professoras apontam para um processo contínuo de abertura e pluralização dos espaços acadêmicos. “Hoje, temos uma diversidade de estudantes que vêm de origens sociais distintas, com diferentes culturas e formas de ver o mundo. Isso muda tudo”, reforçou a coordenadora. A museologia contemporânea, segundo as entrevistadas, precisa acolher essa complexidade. Nesse sentido, os museus da UFPel atuam como laboratórios vivos: promovem ações nas escolas, em feiras, no mercado público e nas ruas, levando educação patrimonial e cultural para além dos muros da universidade. “Somos museus públicos e as pessoas precisam se sentir donas desses espaços. Trabalhamos para isso”, declara Eleonora.
Programação intensa e seminário com foco em políticas públicas
O ponto alto da Semana de Museus é o seminário promovido pela Rede de Museus da UFPel, de 14 a 16 de maio, no Museu do Doce. Com mesas temáticas, conferências, comunicações orais e oficinas, o evento convida a comunidade a refletir sobre o futuro dessas instituições em meio a transformações sociais, políticas e tecnológicas.
A conferência de abertura, “Sou muito mais que uma escola de samba: quando a museologia encontra o carnaval”, será proferida pela professora Vanessa Aquino (UFRGS), ex-aluna da UFPel. Outros destaques são as mesas sobre a Rede de Museus da UFPel e as políticas públicas para acervos universitários, com a presença da professora Damiane Santos, do Ministério da Educação.
“São 200 museus universitários no Brasil, mas até 2018 o MEC sequer os reconhecia como espaços de formação”, afirma Noris. O incêndio do Museu Nacional, em 2018, foi um marco trágico que forçou o poder público a agir. Desde então, a UFPel tem se destacado como referência nacional na organização e fortalecimento de políticas para o setor.
Serviço
Seminário da Semana de Museus 2025 – UFPel
Data: 14 a 16 de maio de 2025
Local: Museu do Doce – UFPel (Pelotas/RS)
Entrada: Gratuita
Destaques da programação:
14/05 – 17h às 20h
Mesa de abertura
Lançamento dos Anais 2024
Conferência com Profª Vanessa Aquino (UFRGS): “Sou muito mais que uma escola de samba”
15/05 – 17h às 20h
Mesa: Rede de Museus e Acervos da UFPel, com Profªs Noris Leal e Andréa Bachettini
16/05 – a partir das 14h
Mesa: Políticas para Museus, com Prof. Daniel Viana (UFPel) e Damiane Santos (MEC)
16h: Oficina de Gestão de Acervos, com Prof. Diego Ribeiro e Profª Noris Leal
Programação completa e mais informações em @rededemuseusufpel
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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