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Não é só uma eleição (por Aloizio Mercadante)

Não é só uma eleição (por Aloizio Mercadante)

Não é só uma eleição. Em outubro, o Brasil estará diante de uma encruzilhada histórica e a derrota do autoritarismo e de todos os valores primitivos que Bolsonaro expressa passa não só pela unificação da esquerda, mas também pela construção de uma ampla frente democrática e pela força da mobilização popular. Bolsonaro segue ameaçando o STF, o TCU, questionando as urnas e fomentando um clima de confronto para não reconhecer a provável derrota eleitoral que se aproxima.

A polarização está consolidada e Lula voltou a percorrer o Brasil. O primeiro ato foi simbólico e marcou o retorno do ex-presidente a Curitiba, onde ficou preso injustamente por 580 dias, para a filiação do ex-governador Roberto Requião ao Partido dos Trabalhadores. Também no Paraná, ele visitou um acampamento do MST, onde foi recebido nos braços da militância.

No Rio de Janeiro, Lula cumpriu uma agenda de estadista tendo se encontrado com importantes lideranças da América Latina e da Espanha. Ele recebeu o apoio entusiasmado do ex-primeiro-ministro José Luiz Rodriguez Zapatero, que é reconhecidamente um importante líder da social-democracia europeia.

Lula também se encontrou com a vice-presidenta da Espanha e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, que liderou a negociação tripartite e a aprovação da revisão da reforma trabalhista na Espanha. Ela é hoje a política mais popular daquele país e discutiu com Lula o impacto da nova legislação trabalhista.

Ele recebeu ainda o apoio do ex-secretário da Unasul Ernesto Samper — também ex-presidente da Colombia —, além do presidente da Argentina, Alberto Fernández. Lula também foi saudado pelo ex-presidente Rafael Correa (Equador), em um seminário sobre democracia e desigualdade na América Latina.

Ainda na capital fluminense, Lula cumpriu uma agenda cultural intensa e encontrou artistas do país, como Martinho da Vila, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Lenine, Paulinho da Viola e outros. A visita ao Rio foi coroada com um show na Mangueira, em que Chico Buarque levantou uma toalha com o rosto de Lula e o teatro Vivo Rio cantou “Olé, olé, olé olá… Lula, Lula”, com uma energia espontânea da militância impressionante.

Merece destaque ainda a participação de Lula no festival de comemoração de 100 anos do PCdoB com dirigentes históricos da esquerda. Lula é visto como a grande liderança popular do país e a esperança do país.

Na Bahia, Lula esteve em mais um ato forte no lançamento da candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo e para a consolidação de uma aliança de mais sete partidos no estado. Com esse movimento, Lula começa sua caminhada pelo Brasil, mobilizando e dando energia à militância e ampliando alianças na defesa da democracia.

Enquanto isso, a chamada terceira via desmorona. Sergio Moro, que foi apresentado como a grande candidatura da mídia comercial, não conseguiu montar um único palanque. Ele fez uma viagem pífia à Europa, não apresentou qualquer projeto e terminou traindo o Podemos, que o acolheu ao se filiar de forma completamente isolada e patética em um novo partido.

Um juiz suspeito, totalmente desmoralizado na Justiça e agora na política, sendo obrigado a mudar o domicílio eleitoral de forma humilhante para uma candidatura ao Congresso Nacional, em busca da imunidade parlamentar.

O outro nome da terceira via, João Doria, em um ato de desespero, ameaçou sair do PSDB para tentar impor ao partido uma candidatura atolada nos 2%. Nenhum líder e nenhum dirigente, com exceção do presidente do partido, se posicionaram ao lado de Doria. Isso mostra o isolamento dele no próprio partido.

Já Eduardo Leite abandona a reeleição e fica no partido em que foi derrotado nas prévias, orientado por Aécio Neves. O ex-governador de Minas segue tentando outro golpe, agora no próprio PSDB. Por fim, Ciro Gomes termina sem aliança e nenhuma capacidade de articulação, em voo de galinha.

No outro extremo, Bolsonaro vive imenso desgaste. As reações dos artistas à tentativa de censurar o festival Lollapalooza tornaram o evento uma concentração massiva de jovens a céu aberto gritando “Fora Bolsonaro” e “Lula lá”. Isso mostra que a mobilização espontânea e a força das ruas avançam muito forte na defesa de Lula. Além disso, na semana que marca a data do Golpe de 1964, Bolsonaro e seu provável vice voltam a defender a ditadura, com uma ameaça velada ao STF, ao TCU e ao estado democrático de direito.

Daí porque insistimos que a disputa eleitoral segue marcada pelo desmoronamento da terceira via e pelo fracasso do seu antibolsonarismo tardio. A polarização está consolidada. Bolsonaro está esgotando os gigantescos recursos fiscais que despejou para tentar reverter sua derrota ante Lula.

O problema dele é que a inflação segue elevada, o custo de vida está corroendo a renda dos mais pobres, os juros altos jogaram 30% da população na inadimplência. Como se não bastasse, a pobreza, o desemprego e a fome por toda parte seguem impedindo que o ex-capitão consiga avançar no eleitorado.

Enquanto isso, Lula segue vencendo todos os candidatos em qualquer cenário. É ele quem mobiliza o país, consolidando a aliança de esquerda, ampliando seu apoio ao centro e fortalecendo uma candidatura que moverá o pêndulo da história para reconstruir o país, com o combate à fome e ao desemprego, com justiça social, soberania, desenvolvimento sustentável e a defesa incondicional da democracia.

Artigo escrito por Aloizio Mercadante



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