Filósofa avalia que negacionismo conduz a necropolítica de Bolsonaro, “uma verdadeira política pública para promover a morte”

“O negacionismo foi elevado a uma forma de governo”, disse a filósofa Marcia Tiburi, em entrevista nesta segunda-feira (24). “Com esse tipo de manifestação do governo fica muito claro que a intenção desse governo é a pior possível”, afirmou à jornalista Marilu Cabañas, na edição de hoje do Jornal Brasil Atual.

Tiburi comentou a nota técnica do Ministério da Saúde, que sustenta que a hidroxicloroquina é segura no combate à covid-19 e a vacina não. “No Brasil tem-se falado muito sobre a necropolítica, no sentido de ser a política pública da morte. E o governo tem produzido atos governamentais que são absolutamente incondizentes com a proteção do povo diante dessa crise sanitária, no contexto de uma ameaça de morte generalizada”, aponta..

Para a filósofa, já ficou evidente também que o vírus é para o governo uma “arma biológica”. “É muito triste ter que falar isso e pode parecer aterrador, mas quando eu conto isso para pessoas aqui na França, tem muita gente que é incapaz de acreditar”, diz. Marcia vive no país europeu há cerca de dois anos, desde que sofreu ameaças de morte de pessoas identificadas com o governo Bolsonaro.

“Muitos têm alertado para que a gente não fique paranoico em relação ao vírus, e eu acho isso super importante. Por outro lado vejo que no Brasil não se trata apenas de um vírus e uma pandemia. Aqui na França é o vírus e a pandemia por mais que haja uma certa utilização política disso, ou uma utilização capitalista disso, mas não se compara com a situação do Brasil”, disse, em relação à manipulação de informações exercida pelo governo Bolsonaro.

“No Brasil todas as pessoas vivem hoje a experiência da covid como uma experiência de humilhação por parte do governo. A morte sempre é terrível, mas é uma morte marcada, além de tudo, por uma espécie de condenação em massa, uma espécie de assassinato pré-programado a partir dos atos de governo”, analisa.

“Isso é assustador. No caso dos brasileiros, acredito que tem um trauma a mais, além do trauma da pandemia que, enfim, assusta, altera a vida das pessoas, leva muitas pessoas a morte. É um luto coletivo que está sendo vivido. No caso do Brasil há uma espécie de ameaça de morte que subjaz aos atos do governo.”

Tiburi afirma que fica pessoalmente muito perplexa com a situação do país. “É muito triste, porque ainda temos um ano inteiro desse governo pela frente, e ainda corremos um risco de que esse governo continue, porque afinal de contas vai ser uma campanha absolutamente sem escrúpulos”, avalia, em relação às eleições deste ano para a Presidência.

Confira a entrevista na íntegra

Por Redação RBA