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No Uruguai, Lula defende participação do Mercosul em acordo comercial com a China
O presidente Lula se reuniu nesta quarta-feira (25), em Montevidéu, com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou. Na pauta da visita, que ocorre após o presidente participar da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), na Argentina, possíveis obras conjuntas de infraestrutura e relações multilaterais, especialmente um acordo de livre comércio em negociação entre Uruguai e China.
O acordo é polêmico porque estaria sendo negociado “por fora” do Mercosul, não seguindo as regras do bloco econômico. Na última reunião do Mercosul, o governo da Argentina considerou que o avanço das negociações entre Uruguai e China poderia representar uma ruptura do bloco.
Na semana passada, o presidente argentino, Alberto Fernández, defendeu que os países do bloco poderiam firmar um acordo em conjunto com a China. “Que não nos enganemos com a ideia de buscar soluções individuais. O Mercosul deve viver por muito tempo. Deve viver para sempre”, disse.
De acordo com informações da BBC News Brasil, um dos objetivos da visita de Lula seria oferecer contrapartidas ao governo uruguaio para dissuadi-lo de aderir ao acordo com os chineses. O pacote teria como principais itens a retomada de obras de infraestrutura que interligam ou beneficiam os dois países, como pontes, ferrovias e hidrovias; o retorno das contribuições do Brasil para um fundo de fomento e projetos dentro do bloco e a promessa de que o Brasil não deverá mais fazer reduções unilaterais de tarifas de importação de produtos de fora do bloco.
O Mercosul tem como uma de suas principais regras a adoção de uma Tarifa Externa Comum (TEC), que seria uma espécie de imposto único a ser cobrado nos países do grupo, ainda que haja normas prevendo exceções. Mas outra regra basilar impede que os países membros firmem acordos comerciais e alfandegários de forma isolada.
Apesar da controvérsia, o presidente do Uruguai decidiu, ainda em 2021, seguir sozinho as tratativas com a China. Segundo reportagem da agência Reuters, Lacalle Pou teria se incomodado com a falta de vontade de outros países do bloco em avançar em acordos comerciais, especialmente com os chineses, que teriam capacidade de inundar a região com seus produtos.
Durante a Cúpula da Celac, Lacalle Pou classificou os outros países do Mercosul como “protecionistas”.
No encontro desta quarta, o uruguaio destacou que o seu país tem pressa para firmar o acordo. “Tento ser sempre objetivo nas relações internacionais. A questão é que o Uruguai não pode esperar tanto tempo, precisamos ser mais rápidos”, disse.
O Uruguai propôs a criação de uma comissão de técnicos para definir os detalhes do acordo com o governo chinês e disse estar disposto a compartilhar as informações com os demais membros do bloco.
Já Lula afirmou que as demandas do Uruguai são justas. “Primeiramente, porque seu papel é defender os interesses do seu país, sua economia e seu povo. Segundo porque é justo querer produzir mais e vender mais”, disse.
Lula acenou apoiar as tratativas de um novo pacto comercial, que passe pelo aval dos outros membros do bloco. “Estamos totalmente de acordo com as ideias de inovação e abertura do Mercosul. O que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Queremos sentar com nossos técnicos, depois com os ministros e finalmente com os presidentes para renovar o que for necessário”, afirmou.
Ele ainda reafirmou o discurso que tem feito no âmbito das relações exteriores de que o crescimento do Brasil deve vir acompanhado do fortalecimento dos países vizinhos.
“Desde que eu assumi em 2003, nós decidimos que o Brasil, por ser o maior país da América Latina, com a economia mais forte, deveria ter uma política generosa. Fazia parte da nossa missão contribuir para que todos os países crescessem juntos. O Brasil não pode crescer sozinho. A minha relação como chefe de Estado não tem viés ideológico. Os presidentes não precisam pensar como eu, nem gostar de mim do ponto de vista pessoal. A relação entre chefes de Estado tem que ter respeito à soberania de cada país e o interesse de fazer o bem para o povo”, disse.
O presidente brasileiro disse ainda que acredita ser possível assinar um acordo comercial com a China e que o acordo com a União Europeia, que se discute há 15 anos, é “urgente e necessário”.
Projetos de infraestrutura
No campo dos projetos de infraestrutura, um dos pleitos do presidente Lacalle Pou é o apoio do Brasil para a internacionalização do aeroporto da cidade de Rivera, que faz fronteira seca com Santana do Livramento (RS). Lula afirmou que discutirá a questão prontamente com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.
O Uruguai também defende a ampliação da ponte que liga as cidades de Jaguarão, no lado brasileiro, e Rio Branco, no lado uruguaio. A construção de uma segunda ponte já estava em negociação com o governo brasileiro na gestão passada, mas Lula lembrou que as discussões sobre essa obra começaram ainda em seu primeiro mandato. “Pensei que essa ponte já estava pronta e hoje soube que nem começou. Quero assumir de novo esse compromisso que vamos fazer essa ponte. Interessa ao Brasil, ao Uruguai, ao povo dos dois países”, disse.
Por último, Lacalle Pou falou sobre a criação de uma hidrovia na Lagoa Mirim e na Lagoa dos Patos. Para isso, é preciso realizar a dragagem do canal no lado brasileiro. “O montante [de recursos] não será muito elevado, mas será importante para as duas nações”, disse o uruguaio.
Por Sul 21
Com informações do Brasil de Fato, da Agência Brasil e da Exame.
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