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Novo arcabouço fiscal pode ser votado nesta terça (22) no plenário da Câmara

Novo arcabouço fiscal pode ser votado nesta terça (22) no plenário da Câmara
Ponto de destaque na agenda econômica do governo Lula, a proposta que cria o novo arcabouço fiscal pode ser votada nesta terça-feira (22), no plenário da Câmara dos Deputados. O texto, que tramita como Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 93/2023, depende de um último aval dos deputados para que possa ser encaminhado à sanção presidencial, mas ainda é alvo de um conjunto de articulações que ocorrem em paralelo à disputa política por cargos no alto escalão do governo.

Apesar de ser a última, a fase atual de tramitação se tornou a mais extensa desde que a proposta foi apresentada pelo governo, em 18 de abril. Já são 62 dias corridos desde que o texto retornou à Câmara para nova avaliação, em 22 de junho. Antes disso, o PLP recebeu um primeiro sinal verde dos deputados em maio e, na sequência, foi chancelado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e pelo plenário do Senado em junho.

A demora para que haja a segunda votação no plenário da Câmara tem como pano de fundo a disputa política em torno da atual configuração da Esplanada dos Ministérios. Nos bastidores, a sigla Republicanos e o PP, partido de Arthur Lira (PP-AL), batalham por ministérios e, com isso, pressionam o governo Lula para que a gestão promova um troca-troca para agradar essas duas legendas.

À imprensa Lira tem negado que haja conexão entre a demora na votação e a batalha por cargos. Apesar disso, fora dos holofotes diferentes deputados têm dito que a avaliação do PLP 93 vem sendo usada como barganha para ampliar a pressão sobre o Palácio do Planalto e garantir os ministérios almejados pelos dois partidos que hoje centralizam a disputa. Havia, nos bastidores do centrão, uma expectativa de que o presidente Lula (PT) anunciasse as mudanças nos últimos dias, mas a projeção se frustrou com a viagem do chefe do Executivo à África do Sul. Lula participa esta semana da 15ª cúpula do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que só se encerra na quinta-feira (24).

Na noite de segunda (21), Lira se reuniu com os líderes partidários da Câmara e nomes do Ministério da Economia para tratar de pontos polêmicos do PLP 93, mas não falou com a imprensa ao final para comentar as decisões. Pouco antes do encontro, no entanto, em entrevista à rede de TV CNN, Lira disse que a votação ocorrerá “esta semana”. “Deve acontecer terça ou quarta-feira no plenário da Casa. A Câmara tem uns padrões muito conservadores, liberais e reformistas, então, tem algumas modificações [no texto] que houve no Senado que ou têm uma boa explicação técnica para isso ou dificilmente passarão [pelo crivo dos deputados]”, disse o presidente da Câmara, ao comentar superficialmente o assunto.

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Do ponto de vista do conteúdo, o PLP 93 é um novo marco fiscal formatado pelo governo Lula para substituir o Teto de Gastos, regime de ajuste fiscal rígido que foi implantado pelo governo Temer e mantido pela gestão Bolsonaro. A política, que vigora desde 2017, prevê limites de despesas para a máquina federal durante um período de 20 anos e entrou na mira de Lula ainda antes do início do seu terceiro mandato. O petista era um dos principais críticos do Teto de Gastos por conta das limitações impostas a políticas públicas de caráter social. A proposta de PLP apresentada pelo governo condiciona o crescimento das despesas da União ao aumento da arrecadação, prevendo ainda uma receita extra de R$ 172 bilhões para os cofres federais.

A pendência na última votação para aprovação final do PLP tem mantido em suspenso o texto do Orçamento Geral da União de 2024. O prazo final para que o governo Lula envie a proposta ao Congresso é 31 de agosto. Por essa razão, as lideranças parlamentares trabalham com a projeção de que o novo arcabouço fiscal deve ser votado até essa data, uma vez que a gestão depende da elasticidade de gastos permitida pelo PLP 93 para que possa fixar os investimentos do próximo ano.

É também por conta disso que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, texto que antecede o Orçamento da União, não foi votada antes do recesso parlamentar do meio do ano, conforme determina a Constituição Federal, pois o governo aguarda o aval final ao PLP 93 para saber se poderá contar com os R$ 172 bilhões previstos no texto. As obras do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, dependem de aprovação do PLP, segundo afirmou na última quarta (16) o ministro dos Transportes, Renan Filho.

“Se tivermos a volta do Teto de Gastos, teremos um país que investe pouco”, disse, durante o lançamento do PAC Transportes. O mandatário afirmou ainda que uma eventual manutenção do ajuste fiscal atualmente em vigor faria a previsão de investimento em rodovias federais cair de R$ 73 bilhões para R$ 15 bilhões.


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