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O custo do atraso das vacinas: 95,5 mil mortes poderiam ter sido evitadas, diz Pedro Hallal

O custo do atraso das vacinas: 95,5 mil mortes poderiam ter sido evitadas, diz Pedro Hallal

O ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, apresentou nesta quinta-feira (24), na CPI da Covid, uma estimativa de quantas mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil, caso o governo federal tivesse adotado uma linha de atuação diferente daquela que assumiu desde o início da pandemia do novo coronavírus. O epidemiologista apresentou duas estimativas, uma relacionada ao atraso na compra de vacinas e outra, mais geral, considerando a média mundial de mortes causadas pela covid.

Segundo o pesquisador, cerca de 95,5 mil mortes poderiam ter sido evitadas caso não tivesse ocorrido o atraso na compra das vacinas Coronavac e Pfizer pelo governo federal. Hallal baseou sua estimativa dos depoimentos do ex-presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, e do diretor do Instituto Butantan, prestados à CPI no mês de maio. Ele citou ainda outra estimativa, feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), segundo a qual, 145 mil mortes poderiam ter sido evitadas caso o Brasil tivesse implementado um cronograma de vacinação mais avançado.

Hallal definiu o Brasil como um dos piores países na resposta adotada para enfrentar a pandemia. Para ele, quatro em cada cinco mortes teriam sido evitadas se o Brasil estivesse dentro da média mundial de óbitos. Ou seja, estimou, pelo menos 400 mil dos 507 mil óbitos poderiam não ter acontecido, se o País estivesse dentro dessa média. Com apenas 2,7% da população mundial, o Brasil responde até aqui por 13% do total de mortes causadas pela covid no mundo.

Falta de política de comunicação 

Pedro Hallal ttambém apontou a falta de uma política de comunicação unificada, por parte do governo federal, como um fator responsável pelo número de óbitos no Brasil. Desde o início, assinalou, o governo deveria ter feito campanhas pelo uso de máscaras e de medidas de distanciamento social. Não só não fez como adotou a postura contrária, com o presidente Jair Bolsonaro criticando permanentemente o uso de máscaras e as medidas de distanciamento social, além de promover um conflito permanente com  governadores e prefeitos. Para Hallal, essa postura torna Bolsonaro responsável pessoalmente pelo elevado número de mortes. “Quem disse que vacina transforma a pessoa em jacaré foi o presidente da República, e não o governo”, assinalou.

Questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre que medidas urgentes o Brasil precisa tomar neste momento do enfrentamento da pandemia, Pedro Hallal afirmou que o país precisaria atingir uma média de 1,5 milhão de vacinados por dia e fazer um lockdown nacional de três semanas. “Só assim iremos olhar luz no final do túnel”, defendeu.

A médica Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e coordenadora do Movimento Alerta, estimou, por sua vez, que 120 mil mortes  poderiam ter sido evitadas no primeiro ano da pandemia, caso o governo federal tivesse promovido medidas básicas como uso massivo de máscaras, medidas mais prolongadas de distanciamento social e políticas de comunicação e de gestão unificadas em nível nacional. Jurema Werneck afirmou ainda que o governo deveria ter tido mais cuidado com viajantes e com portos e aeroportos. Para ela, o caos da pandemia foi instituído, em nível nacional, por negligência e falta de atenção com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Para Jurema Werneck, as desigualdades sociais no Brasil se refletiram no perfil da mortalidade causada pela pandemia. Segundo ela, o coronavírus matou mais indígenas, negros e pessoas de baixa renda e de baixa escolaridade.

Jurema Werneck e Pedro Hallal denunciaram ainda que vêm sofrendo ameaças e ataques pessoais como tentativas de silenciamento. Eles informaram que os casos já estão sob investigação, mas pediram que as autoridades tomem providências para barrar esses ataques.

Fonte: *Com informações da Agência Senado

Imagem: Agência Senado


1 comentário

  • Vejusty

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