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O protagonismo da poesia amefricana em Orisun Oro

O protagonismo da poesia amefricana em Orisun Oro

Selo editorial formado por mulheres negras que traduzem e publicam poetas negras latinoamericanas no Brasil se expressa como uma das iniciativas literárias mais inovadoras e insurgentes da última década.

Aprovado no Edital Diversidade das Culturas, da Fundação Marcopolo, como  um dos projetos mais relevantes na área  de diversidade linguística, Orisun Oro, que pode ser traduzido da língua yorubá como “a fonte da palavra”, tem proponência da editora Escola de Poesia, com sede em Porto Alegre/RS, e consiste na divulgação do trabalho de mulheres poetas afrodiaspóricas da América Latina e do Caribe a partir do processo de tradução exclusiva e publicação de três livros das poetas Georgina Herrera (Cuba), Mayra Santos Febres (Porto Rico) e Graciela Gonzalez Paz (Argentina).

Quanto à tradução, a Orisun Oro conta com o seu próprio clube de tradutoras -  Clubamefricana das Tradutoras - do qual fazem parte Eliane Marques,  que também assina como idealizadora e uma das coordenadoras do projeto, além de Mariangela Ferreira Andrade e Katherine Castrillo.

Nesta primeira etapa, o selo realiza a publicação bilíngue de obras originalmente escritas em espanhol por Georgina Herrera (Cuba), com Cabeças de Ifé; Mayra Santos Febres (Porto Rico), com Conjuro da Guiné e Graciela Gonzalez Paz (Argentina), com Zambeze. As publicações visam promover a circulação da améfrica espanhola em territórios de língua portuguesa.

O protagonismo de mulheres negras se expressa em todo o processo de constituição editorial, iniciado desde a elaboração do projeto, contato e conversas com as autoras, seleção dos poemas, tradução, revisão, diagramação e publicação final. A experiência circulatória da visibilidade e do reconhecimento da produção também traz obras de poetas negras vivas, com valorização e justo pagamento dos seus direitos autorais. As coordenadoras Eliane Marques e Michele Zgiet apontam que se faz necessária e prioritária a constituição desta teia editorial coletiva, uma vez que o mercado hegemônico não privilegia a publicação de poemas, especialmente quando escritos por autoras mulheres afrodiaspóricas, tendo como consequência, o apagamento histórico de produções literárias de grande valor.

Mulheres amefricanas publicam mulheres amefricanas

As coordenadoras do selo Orisun Oro inspiram-se no conceito político-cultural que a intelectual negra Lélia Gonzalez alcunhou de amefricanidade, que se constitui na recuperação e na unificação de processos insurgentes afrolatinoamericanos, historicamente protagonizados por mulheres negras e indígenas contra as estruturais violências de gênero, raça, classe e nacionalidade. De acordo com a poeta Eliane Marques, com base em Lélia Gonzalez “a categoria amefricanidade, ancorada em modelos como o akan (Jamaica); iorubá, banto e ewe-fon (Brasil); e nos diversos modos indígenas anteriores às invasões, permite romper com as fronteiras de caráter territorial, linguístico e ideológico, incluindo as Américas do Sul, Central, Insular e do Norte em um arcabouço comum de resistência, reinterpretação e criação de novas formas de existir”.

É neste sentido que a subversão do sistema de dominação - que apaga e suprime o protagonismo de mulheres amefricanas  - possibilita que, a partir de três livros de autoras de língua espanhola, mas de países diferentes da América Latina e Caribe, sejam incluídos nos campos de pesquisa, da literatura e do conhecimento, refletidos pelo olhar de reconhecimento e alteridade, ao passo que revertem a dinâmica do silenciamento e da exclusão e constituem novos marcos no campo da publicação editorial. 

Ações

Nas redes sociais do Orisun Oro já estão acontecendo encontros virtuais.  No dia  19/08, aconteceu a live de lançamento, com a  participação especial de Iyá Bete Omidewa e no próximo dia 26/08, pelo facebook da Escola de Poesia, acontecerá outra ação virtual ao vivo pelo Dia Internacional da Igualdade da Mulher, com participantes do projeto.

Também está prevista a publicação da tiragem de 300 exemplares de cada livro traduzido, com um total de 900 exemplares, com distribuição comercial e social e o oferecimento gratuito de uma oficina online de tradução com o Clube das Tradutoras. A quem se interessar, pode acompanhar diretamente no instagram (orisun.oro).

O Projeto Orisun Oro é executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei 14.017/20

Orisun Oro: Aline Rosa (redes sociais e marketing), Aline Gonçalves (direção de arte-design e diagramação), Eliane Marques (coordenação, tradução de Cabeças de Ifé, de Georgina Herrera, e supervisão geral das traduções), Katherine Castrillo (tradução de Zambeze, de Graciela G. Paz), Mariangela Andrade (tradução de Conjuro da Guiné, de Mayra Santos-Febres), Michele Zgiet (coordenação, redes sociais e recursos humanos), Iléa Ferraz e Mitti Mendonça (ilustração), Marcela Villavella (revisão da tradução de Georgina Herrera e consultoria em espanhol), Carina de C. Álvarez (revisão das traduções de Mayra Santos-Febres e Graciela G. Paz) e as autoras Georgina Herrera (Cuba), Mayra Santos-Febres (Porto Rico) e Graciela Gonzalez Paz (Argentina).

Contatos

E-mail: orisuneditora@gmail.com

Instagram: orisun.oro

Facebook: facebook.com/OrisunOro
Loja virtual: orisun-oro.lojaintegrada.com.br


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