Incerteza no Instituto de Menores
O que alguns têm demais, também têm de mal (por Leonardo Melgarejo)
Mais uma semana em que as boas notícias são raras e se prendem à esperança, que cresce na contramão dos fatos. Precisamos mesmo que em 7 de setembro, a esperança vença o medo.
Afinal, está cada dia mais claro o que sempre foi óbvio. Os golpistas não têm moral, nem vergonha, mas são muito bons em ameaças e em cortinas de fumaça.
É triste, mas enquanto falta água, falta luz, faltam empregos, falta gás e gasolina, faltam vacinas, arroz, feijão, leite, carne e pão, o que sobra é cara de pau. E falta de vergonha na cara.
Tudo porque o que alguns têm demais, também têm de mal, para aproveitar, adaptando, parte da letra cantada por Nei Lisboa em Society Assassinato.
Vejam, esta semana um prefeito gaúcho foi preso no aeroporto com uma mala de dinheiro que estaria sendo levada para financiar crimes contra a Constituição Federal, em Brasília. Micharia, 500 mil reais para a maracutaia bolsonarista do dia 7 de setembro. Do Mato Grosso, onde a manada é outra, a imprensa anuncia parcela não identificada de “parte” de R$ 100 milhões repassados à Aprosoja, desviada com o mesmo fim.
E isso é o que sabemos, na linha anunciada pelas bravatas de Sergio Reis, de Roberto Jefferson e, porque não, do próprio presidente Bolsonaro.
Eles estão confiando no sucesso de sua nova onda antidemocrática, que envolve desde matadores de aluguel até senadores de ternos caros, sempre pomposos ao afirmar que entendem “legítimas as manifestações” e sempre discretos diante do contrabando de armas e das carreiras de cocaína que circulam talvez não muito longe de seus narizes.
Esta semana, um assessor contrabandista do senador Marcos Rogério foi preso pela polícia federal. Coisa grande. Tráfico de cocaína de porte a dar inveja ao Narcos e seus memes. Uma tonelada de cocaína. O dobro daquele volume encontrado em helicóptero de ilustre golpista relacionado ao então vistoso, hoje quase transparente senador Aécio Neves. Evidentemente estas situações explicam o descaso geral com relação aos 39 kg de cocaína em comitiva do presidente Bolsonaro de que já não se fala mais.
Afinal, são todos nobres.
Possivelmente estes fatos se esclarecerão apenas quando algum nordestino virar bode expiatório. Como no caso do Lula, o culpado de tudo que ajudou o Brasil a crescer, e que ainda hoje é chamado disso e daquilo, pelos golpistas mais radicais.
E olha que ele já foi inocentado, é amado por mais de 60% da população e, segundo o ministro Gilmar Mendes, foi vítima do “maior escândalo judicial da história da humanidade”.
Afinal, sendo esta uma terra plana um local onde os antibióticos e vermífugos “matam vírus”, onde uma ex-esposa de presidente compra mansão com grana recebida pela venda de AP, onde lobistas “desaparecem” após ajudar em negócio de filho do presidente e onde, quando a coisa esquenta, até médicos cancelam suas declarações/atestados, tudo é possível.
Bom, tudo é possível enquanto isso durar.
Dia 7 de setembro a marcha dos excluídos e excluídas deverá ser gigante, incluindo boa parte dos brasileiros que todo dia acordam querendo gritar, como os indígenas acampados em Brasília. Agora chega! Agora, é a hora do não!
Chega destes assuntos, o espaço aqui é curto para o pornô que envolve aquela famíglia com suas rachadinhas, e outros escândalos. Para isso, vejam bela e completa (imperdível) síntese preparada por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile, em Rachadinha e Rachadões.
A coluna de hoje finda aqui, com mais uma bela e premonitória música de Nei Lisboa que não me sai da cabeça desde que assisti aquele depoimento do motoboy Ivanildo, na CPI da Covid, esta quinta-feira.
Fiquei feliz ao entender, pela posição dos senadores, que os golpistas não poderão fazer do motoboy Ivanildo uma espécie de Severino da vez.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko
"Fiquei feliz ao entender, pela posição dos senadores, que os golpistas não poderão fazer do motoboy Ivanildo uma espécie de Severino da vez" - Foto: Agência Senado
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