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O que pode salvar o Banrisul da privatização? (por Everton Gimenis)
Tenho recebido muitas consultas de colegas do Banrisul sobre estas eleições, o que é absolutamente normal. Sabíamos que o futuro do banco e, consequentemente dos seus empregos, dependem do resultado deste pleito e do programa econômico do candidato vencedor. Vejo nas perguntas até um certo desespero com a encruzilhada em que nos encontramos e não é para menos. Sempre soubemos que, dos candidatos com chances de chegar ao segundo turno, o único historicamente comprometido com a manutenção e o fortalecimento das empresas públicas, e do Banrisul em especial, era o companheiro Edegar Pretto (PT). Pois bem, por uma merreca de votos, 2.441 para ser exato, ele não chegou ao segundo turno. Isto significa menos de meio por cento do total de votos, o que deixou uma frustração enorme em todos que entendem a importância da defesa do nosso patrimônio para a prestação de serviços de qualidade à população e para a criação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do nosso estado.
Diante desse quadro terrível é que as pessoas fazem uma pergunta desesperada: quem seria melhor? Quem não venderia o banco dos gaúchos? Eis a minha resposta: a exemplo de 2018, quando também passaram para o segundo turno candidatos de direita e defensores da política econômica neoliberal, eu não confio em nenhum dos dois. Na ocasião, muitos colegas, a maioria, votou em Eduardo Leite (PSDB). A categoria não queria Sartori, pois ele tinha passado 4 anos atacando o banco. Foi o emedebista que vendeu ações de forma criminosa, abaixo do preço de mercado, fragilizando e sucateando o Banrisul. Tudo para justificar a futura privatização. Ele queria aprovar no parlamento o fim do plebiscito para venda das estatais que restavam no RS. A medida facilitaria o entreguismo. Leite, vendo as pesquisas que diziam que a maioria dos gaúchos era contrária à privatização, fez a promessa oportunista de que não venderia Banrisul e Corsan.
Na época, eu era presidente do SindBancários e muitos colegas me perguntavam por que eu também não o apoiava, já que ele tinha prometido não vender o banco. Disse a todos que não confiava que ele iria cumprir o que havia prometido. Falei justamente por conhecer o histórico neoliberal dele e de seu partido. Pois bem, agora uma situação semelhante está acontecendo. Leite conseguiu o que o seu antecessor não conseguira: aprovar o fim do plebiscito para entrega do patrimônio público gaúcho. Ele já começou a descumprir sua palavra iniciando, imediatamente após a aprovação da PEC 280, a privatização da Corsan. Isso fez com que os banrisulenses ficassem novamente com medo e não confiassem mais nele. Tal qual ocorreu há 4 anos, o adversário de Leite no segundo turno prometeu a manutenção do banco público. Os colegas, talvez por desespero, começam a acreditar. Quando me perguntam, digo sempre o mesmo: não confio nas promessas de ambos. Se o PSDB têm um histórico privatista, o que falar então de Onyx, Bolsonaro, Guedes e seu partido de aluguel atual, o PL?
Lembrando que os três, não só já defenderam a privatização de todas as empresas públicas, como encaminharam uma lista de estatais a serem vendidas, como os Correios, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), aqui de Canoas, Trensurb, Eletrobras e outras dezenas. Não esqueçamos que, em vídeo vazado pelo agora senador Sérgio Moro (União Brasil), o Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, disse que tinha de privatizar “a porra” do Banco do Brasil, uma instituição pública importantíssima. Ele não foi contestado por ninguém, nem por Onyx ou Bolsonaro. Agora, após a eleição, quando o PL elegeu a maior bancada da Câmara, vários parlamentares governistas afirmaram que as privatizações iriam recomeçar e incluíram o BB na lista. Além do mais, Onyx é um dos expoentes deste governo Federal que só propagou a violência, a morte, o ódio, a fome, o negacionismo, o preconceito, o Regime de Recuperação Fiscal, o desmatamento, o desrespeito à Constituição, às instituições e à própria democracia.
Portanto, confiar no candidato do PL ou em Leite para manter o Banrisul Público é o mesmo que colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Isso não significa que a venda está dada. Muito pelo contrário, resistimos a muitos governos entreguistas. Passamos por Britto, Yeda, Sartori e Leite, dentre outros. O que nos manteve sempre foi a nossa luta e da sociedade gaúcha. Neste ano, o próprio grupo RBS, tradicional defensor das privatizações, usou sua colunista Rosane de Oliveira para dizer que, pela primeira vez nos últimos tempos, o Banrisul não seria um tema importante. Ledo engano, o SindBancários, a Fetrafi-RS e todos os Sindicatos de Bancários do interior fizeram uma grande campanha de mídia em defesa dele. Fizemos todo o esforço possível e ocupamos rádios, jornais, redes sociais e até televisões, apesar do alto custo. Isso colocou o debate em evidência, tanto que agora, em entrevistas recentes, os dois aspirantes ao Piratini falam em manter o Banrisul Público.
Portanto, o que pode preservar o nosso banco vivo é derrotarmos o fascismo privatista de Bolsonaro e de Onyx, elegendo Lula. Se tivermos governos de direita aqui e no país, como tivemos nos últimos anos, as privatizações andam, uma vez que não há contraponto institucional. Com Lula defendendo a manutenção e o fortalecimento dos bancos públicos federais, este debate fica prejudicado. Digo mais, todos os bancos estaduais que foram privatizados na época do Governo FHC e entregues à iniciativa privada foram praticamente destruídos. Santa Catarina privatizou o Besc, mas o governo Lula o federalizou através do BB. Então, colegas, só a eleição do Lula e a nossa luta podem salvar o Banrisul. Até a vitória, companheiros. O Banco do Estado do Rio Grande do Sul é Nosso!
(*) Vice-presidente da CUT-RS e ex-presidente do SindBancários
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Fonte: Sul 21
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