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Oficina de slam une poesia, corpo e política
Corpo, palavra e presença. Esses são os pilares da oficina de slam que será realizada nos dias 24 e 26 de junho em Pelotas, reunindo jovens, artistas e entusiastas da poesia falada para dois encontros transformadores. A atividade, aberta ao público a partir dos 16 anos, propõe uma imersão na prática performativa que combina escrita autoral, expressão vocal e teatralidade — tudo isso enraizado na cultura hip-hop.
A proposta foi apresentada no programa Contraponto pela atriz, performer e pesquisadora Tiwa Emi, que irá conduzir a oficina como desdobramento do projeto Slam da Encruzilhada, vinculado ao Núcleo de Práticas Radicais (NUPRA) da UFPel. A ação é uma extensão universitária com emissão de certificado para quem participar dos dois encontros.
Slam como resistência e expressão
Durante a entrevista, Tiwa explicou que o slam poetry — ou poesia slam — surgiu nos Estados Unidos como uma vertente da cultura hip-hop e chegou ao Brasil através de iniciativas como a Zona Autônoma da Palavra. Mais do que uma simples batalha de versos, o slam se estrutura como um espaço de escuta e de resistência. “É uma competição com três regras: poesia autoral, até três minutos, e sem objetos cênicos ou música. Mas vai muito além disso”, destacou.
Ela enfatizou que o slam também funciona como plataforma de visibilidade para vozes que muitas vezes são silenciadas. “Pessoas LGBTQIA+, negras, periféricas encontram no slam um modo de serem ouvidas. A poesia me transformou e transforma a vida de várias outras pessoas”, afirmou. A performance, nesse contexto, é um recurso potente para ampliar o impacto das palavras.
A corporalidade, aliás, é uma das ênfases da oficina. “No teatro, a presença é tudo. A forma como o corpo ocupa o espaço muda completamente a recepção do que é dito”, explicou Tiwa. Ao lembrar de um poeta que faz um mortal no meio de sua apresentação, ela ilustra como o gesto pode ser tão impactante quanto o conteúdo. “É sobre como cada palavra toma forma no corpo”, reforçou.
Pelotas e o desafio de fortalecer a cultura slam
Embora Pelotas tenha comunidades envolvidas com o slam, como o Slam das Minas e o Slam da Folha, muitas dessas iniciativas não se consolidaram com o tempo. O Slam da Encruzilhada surge justamente como uma tentativa de fortalecer esse cenário e criar continuidade. “Queremos formar uma comunidade que se sinta acolhida e representada”, disse Tiwa.
A primeira edição do Slam da Encruzilhada ocorreu no Largo do Bola, junto à UFPel, e já circulou por outros espaços como o Sofá na Rua e o Largo da Meia Lua. Ainda assim, segundo Tiwa, é preciso avançar para outras regiões da cidade. “Queremos chegar ao Fragata, aos Navegantes. A ideia é mostrar que a poesia é para todos e que esse também é o espaço deles.”
A artista reconhece, no entanto, que há dificuldades. “Ainda existe um receio de ir para muito longe e perder o público que já conquistamos. Mas aos poucos vamos criando essa conexão com outros territórios”, completou.
Slam, política e financiamento
A proposta da oficina e do próprio Slam da Encruzilhada está profundamente ligada à ideia de política cultural. Para Tiwa, fortalecer esses espaços também depende de apoio financeiro e de políticas públicas. “Até agora, tudo foi feito com recursos próprios. Parte do cachê que recebo em outras apresentações é destinada a premiar os poetas que participam dos slams”, revelou.
Apesar dos obstáculos, há planos para o futuro. O coletivo pretende inscrever o projeto em editais no próximo ano e já está articulado com o circuito estadual. “Estamos na organização do Slam Conexões, o estadual do RS. O Slam da Encruzilhada é uma das seletivas, e nossa primeira disputa será no dia 27 de junho”, anunciou.
A proposta vai além de revelar talentos: é sobre criar pertencimento e ampliar horizontes. “Tem muita gente potente que ainda não se sente pronta para mostrar sua arte. A gente quer mudar isso”, afirma Tiwa. Com o Slam da Encruzilhada, ela aposta na construção de um movimento contínuo, que valorize a escuta, a criação coletiva e a potência transformadora da palavra. Um espaço onde a arte ocupa, transforma e resiste.
Serviço
Oficina de Slam: Corpo, Voz, Espacialidade e Escrita Poética
Datas: 24 e 26 de junho
Horário: Das 10h às 12h
Local: Sala Carmen Biasoli (68), Bloco 3 – Prédio de Dança e Teatro, Centro de Artes da UFPel (Rua Alberto Rosa, 117)
Descrição: Oficina gratuita destinada a pessoas a partir dos 16 anos, que integra o projeto Slam da Encruzilhada e oferece formação em poesia performativa com base teatral.
Inscrições: Até domingo (22), via formulário de inscrição online
Gratuito: Sim
Certificação: Sim, com participação nos dois encontros
Contato: @slamdaencruzilhada e @nupraufpel no Instagram
*Confira a entrevista completa com Tiwa Emi no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
Texto de: Redação
Imagem: Instagram Slam da Encruzilhada/@pehhbs
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