Incerteza no Instituto de Menores
ONU: quase 90% dos subsídios agrícolas aumentam desigualdade e afetam meio ambiente
Segundo relatório da entidade, US$ 470 bilhões de recursos destinados à produção agropecuária no mundo são responsáveis por “distorcer preços e causar danos ao meio ambiente e à sociedade”
Relatório divulgado nesta terça-feira (14) pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que 87% dos US$ 540 bilhões dos subsídios anuais destinados ao setor agrícola são “prejudiciais” e acabam por “distorcer preços e causar danos ao meio ambiente e à sociedade”. São incentivos relacionados à importação e exportação de produtos, além de estímulos fiscais ligados à produção de commodities.
No total, são US$ 470 bilhões destinados a atividades que prejudicam a saúde das pessoas, alimentam a crise climática e agravam a desigualdade ao excluir a agricultura familiar, em especial as mulheres. Sem revisões, o nível de subsídios está a caminho de chegar a US$ 1,8 trilhão no ano de 2030, segundo as Nações Unidas.
O documento, intitulado “Uma oportunidade Muti-Bilionária: Reaproveitando o Apoio Agrícola para Transformar os Sistemas Alimentares”, foi elaborado de forma conjunta por Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud) e Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma).
A redefinição dos subsídios, direcionando os recursos a atividades benéficas, poderia “ser um divisor de águas” para o combate à pobreza, erradicação da fome, melhora geral da nutrição e redução do aquecimento global. O relatório indica que o bom uso do dinheiro público deve incluir o apoio à produção de alimentos saudáveis, com práticas que contribuam para a preservação ambiental, além de suporte financeiro a pequenos agricultores.
Os subsídios agrícolas prejudicam a saúde humana ao promover o consumo excessivo de carne em países ricos e o consumo excessivo de alimentos de baixo valor nutricional nos mais pobres. “Se você não está promovendo frutas e legumes, então, em termos relativos, é muito caro para o consumidor comer de forma saudável”, disse o vice-diretor da FAO, Marco Sánchez. “É por isso que 2 bilhões de pessoas no mundo não podem pagar uma dieta saudável.”
De acordo com o relatório, 811 milhões de pessoas enfrentaram fome crônica e um entre três habitantes do planeta (2,37 bilhões) não tinha acesso à alimentação adequada durante o ano de 2020.
Subsídios agrícolas e crise climática
O relatório também aponta para a significativa participação do setor agropecuário no agravamento de problemas relacionados ao clima. “A agricultura contribui com um quarto das emissões de gases de efeito estufa, 70% da perda de biodiversidade e 80% do desmatamento”, disse Joy Kim, do Pnuma.
Hoje, os produtores de todo o mundo já sentem os impactos da mudança climática, com regiões sofrendo com o calor extremo, aumento do nível do mar, secas, enchentes e ataques de gafanhotos.
Entre as recomendações para reverter a situação de crise, as agências indicam aos países de renda alta que redirecionarem o apoio hoje dado às indústrias de carnes e de laticínios, que causam 14,5% das emissões de gases. Para os governos dos países de baixa renda, o documento pontua que é necessário rever o apoio financeiro ao uso de pesticidas tóxicos e fertilizantes.
Com informações de Agência ONU e The Guardian
Por Redação RBA
Edição NPJ
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