Frota foi ampliada na última semana com a entrega de cinco veículos pela Prefeitura. Enquanto isso, usuários denunciam superlotação, atrasos e atendimento precário.

Entrega de novos ônibus marca etapa da renovação prometida

A Prefeitura de Pelotas realizou, na última semana, a entrega de cinco novos ônibus que devem integrar o sistema de transporte coletivo urbano. A cerimônia foi realizada no Largo do Mercado Público e contou com a presença do prefeito Fernando Marroni, do secretário de Transporte e Trânsito, Eduardo Monteiro, do vereador Éder Blanck (PSD) e de outras autoridades municipais.

Os novos veículos vão substituir modelos antigos e, segundo a gestão municipal, oferecem mais conforto, segurança e acessibilidade. Todos são adaptados para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A previsão é que comecem a circular nos próximos dias.

“Estamos começando a requalificação do transporte coletivo na nossa cidade”, afirmou o prefeito Fernando Marroni. Ele também destacou a unificação da tarifa urbana e rural em R$ 6,00 e a previsão de um subsídio de R$ 3,7 milhões por parte da prefeitura para manter esse valor em 2025.

Município anuncia plano para vias e transição para ônibus elétricos

Durante a cerimônia, Marroni anunciou que a prefeitura irá apresentar ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) um projeto voltado à melhoria das vias utilizadas pelo transporte coletivo. A proposta inclui asfaltamento e manutenção das rotas, conhecidas como “caminho do ônibus”, para reduzir o desgaste dos veículos e melhorar o serviço prestado.

Também está prevista a substituição de mais 12 veículos até 2026, com a introdução de ônibus elétricos na frota municipal. A mudança busca diminuir a dependência do diesel, reduzir os custos operacionais e, futuramente, permitir a redução do valor da tarifa.

O vereador Éder Blanck (PSD), que participou da entrega, reconheceu o avanço representado pela renovação da frota, mas destacou que apenas a compra de novos veículos não resolve os problemas estruturais do sistema.

“É uma boa notícia, mas se as vias não forem melhoradas, esses ônibus novos também vão se deteriorar rapidamente. A renovação precisa ser constante, e o trajeto precisa ser qualificado. O passageiro está pagando a tarifa e merece um transporte de qualidade”, declarou.

Usuário relata rotina de atrasos e superlotação

Apesar das medidas anunciadas, o cotidiano de quem depende do transporte coletivo continua marcado por dificuldades. Em comentário no programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, o professor do IFSul André Luis Pereira compartilhou uma experiência recente com a linha Py Crespo e fez duras críticas à qualidade do serviço.

Segundo ele, os ônibus seguem circulando lotados, com falhas no cumprimento de horários e pouca estrutura para atender as demandas dos passageiros. Ao tentar registrar uma reclamação no terminal, o professor relatou ter enfrentado desinformação, falta de acolhimento e até hostilidade.

“Fiquei mais de uma hora esperando um ônibus que não passou. A tabela informa horários que não são cumpridos. Quando tentei reclamar, me senti desrespeitado e impotente”, contou.

Prefeitura afirma que fiscalização foi intensificada

Em nota divulgada nos últimos dias, a Prefeitura de Pelotas informou que intensificou a fiscalização da frota desde o início do ano. A verificação, segundo o comunicado, passou a ser realizada antes da saída dos veículos, com atuação de três fiscais responsáveis por inspecionar cerca de 30 ônibus por dia.

Entretanto, os relatos trazidos por usuários como André Luis indicam que os efeitos dessa fiscalização ainda não são sentidos por todos. Problemas como superlotação, atrasos e ônibus em más condições continuam sendo motivo de queixas recorrentes.

Usuários cobram mais diálogo e ações efetivas

As críticas de passageiros ao sistema de transporte coletivo têm se ampliado nas redes sociais e nos espaços de debate público. Para André Luis, é necessário que a Prefeitura promova ações mais efetivas de fiscalização e abertura ao diálogo com a população.

Ele defende que o tema seja levado a uma audiência pública, com participação da Câmara de Vereadores e das comunidades mais afetadas.

“A cidade precisa tratar com seriedade a mobilidade urbana. Nós, trabalhadores, temos direito a um transporte digno, que respeite nosso tempo, nosso corpo e nossa saúde”, afirmou.

Imagem: Prefeitura de Pelotas/Arquivo

*Esta matéria é uma publicação em parceria entre o Coletivo Outras Vozes e a RádioCom Pelotas.

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