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Pequeno Inventário de Plateias resgata memórias afetivas dos antigos cinemas e teatros de Pelotas

Pequeno Inventário de Plateias resgata memórias afetivas dos antigos cinemas e teatros de Pelotas

Resgatar a memória cultural dos antigos cinemas e cineteatros de Pelotas, combinando pesquisa histórica e relatos afetivos da população. Esse é o objetivo do projeto Pequeno Inventário de Plateias, apresentado nesta terça-feira (1º) pela pesquisadora Thainá Dadda durante entrevista ao programa Contraponto, da RádioCom Pelotas.

O projeto acaba de ser lançado e está com uma convocatória aberta até o dia 27 de abril para que moradores da cidade e da região compartilhem lembranças vividas em salas de exibição e espaços teatrais do município. Os relatos mais expressivos serão transformados em obras de arte, que comporão uma exposição em agosto, durante o mês do patrimônio.

Pesquisa documental e memórias afetivas

Segundo Thainá, a iniciativa é dividida em duas frentes principais: uma pesquisa documental sobre os antigos espaços culturais da cidade e a coleta de memórias individuais que ajudem a contar uma história mais sensível e plural dos locais que marcaram gerações. “É uma busca por dados como datas de abertura, programação e estrutura dos espaços, mas também por experiências que as pessoas viveram ali. Histórias cotidianas, marcantes ou emocionais”, explicou.

A pesquisadora destaca que o projeto ultrapassa a nostalgia e propõe um olhar crítico sobre a atual ocupação cultural da cidade. Para ela, pensar o passado ajuda a compreender as ausências do presente. “Pelotas tem uma produção cultural efervescente, com cursos de cinema, teatro, música e artes visuais, mas não possui um espaço público municipal que funcione como porta de entrada para os seus artistas. É um vazio preocupante.”

Além do caráter memorialístico, o Pequeno Inventário de Plateias também visa provocar reflexão sobre o acesso à cultura. “Nos anos 1950 e 60, existiam salas de cinema descentralizadas, nos bairros. Hoje, o que ocupa esse lugar? O cinema mobilizava a cidade, era um ponto de encontro e de trânsito. É disso que estamos falando: de ocupar a cidade com arte e convívio”, afirmou.

Desde o lançamento da convocatória, a equipe do projeto já recebeu alguns relatos marcantes. Um dos exemplos citados por Thainá foi o impacto de projetos como o cinema na rua promovido pelo SESI, que ampliou o acesso ao audiovisual em comunidades com menos acesso às salas tradicionais. “A gente tem acessado já algumas histórias muito interessantes, de como esses lugares chegavam nas pessoas, de vivências muito paralelas, além de só assistir o filme, mas de vivências paralelas que aconteciam pelo fato de se deslocar até lá”.

Os relatos enviados serão avaliados e entre 10 a 15 serão selecionados para inspirar obras visuais criadas por artistas da cidade. As criações poderão ser em diversas linguagens – fotografia, colagem, escultura, pintura – e serão exibidas em uma mostra no segundo semestre. A exposição incluirá também os áudios originais dos relatos e marcará o lançamento de um site com o mapeamento completo das antigas salas de cinema e teatro de Pelotas.

Mapa interativo

O site trará ainda um mapa interativo, com QR codes que poderão ser acessados digitalmente ou em intervenções físicas espalhadas pela cidade. “Queremos que as pessoas vejam com os próprios olhos como Pelotas já foi preenchida por esses espaços. Não era só o centro, havia salas nos bairros também”, enfatizou.

Os interessados em contribuir com seus relatos podem acessar o perfil Inventário de Plateias no Instagram ou Facebook, onde está disponível um formulário simples para envio. Também é possível participar via e-mail ou pelo site oficial: www.inventariodeplateias.com.br.

Financiamento

O projeto é realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, via Ministério da Cultura, com apoio da Secretaria da Cultura do Estado. Thainá ressaltou a importância do financiamento público para a viabilidade de ações culturais como esta. “Sem fomento, é praticamente impossível manter projetos de arte e memória vivos no Brasil.”


Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.


Texto de: Redação

Imagem: Arquivo RádioCom


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