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PF vai adotar medidas contra desinformação sobre enchentes no RS; Alexandre Garcia será investigado

PF vai adotar medidas contra desinformação sobre enchentes no RS; Alexandre Garcia será investigado

Após advertir que “fake news é crime, não é 'piada' ou instrumento legítimo de luta política”, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou, nesta segunda-feira (11), que a Polícia Federal irá investigar pessoas que espalharam mentiras sobre a situação da tragédia das cheias no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul.

“Esse crime é ainda mais grave quando se refere a uma crise humanitária, pois pode gerar pânico e aumentar o sofrimento das famílias”, postou o ministro em sua conta no X (ex-Twitter). Dino acrescentou que “a Polícia Federal já tem conhecimento dos fatos e adotará as providências previstas em lei”.

“Desculpas pelo erro”

Ao menos duas pessoas são apontadas como disseminadoras de notícias falsas que alarmaram a população gaúcha. Uma delas é o jornalista Alexandre Garcia, ex-Globo e ex-porta-voz do governo João Figueiredo, o último dos mandatários da ditadura de 1964. A outra é a influencer e médica veterinária Samara Baum, de Sarandi (RS).

Ela chegou a gravar vídeo dizendo que os donativos para a população vitimada pelas cheias somente seriam distribuídos depois da chegada ao local do presidente Lula, “para fazer foto e vídeo em cima das doações”. E que, enquanto isso, as pessoas “estariam passando fome”.

Questionada sobre a mentira, Samara gravou um segundo vídeo às pressas pedindo desculpas, dizendo ter se expressado de forma errada. O primeiro vídeo foi divulgado pelo deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL/GO), que rapidamente apagou sua postagem.

Abertura de comportas inexistentes

Na segunda-feira (11), o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou em sua conta no X que solicitou à Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia uma investigação sobre Garcia pela disseminação de dados falsos sobre as enchentes.

“A chuva foi a causa original, mas em governos petistas foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo”, disse Garcia em vídeo postado no site da revista Oeste, de ultradireita.

Acontece que não existem comportas nessas barragens. Foi o que assinalou a Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul em nota oficial emitida no dia 8 de setmbro, diante da boataria que começou a correr.

“No caso das barragens da Ceran (Companhia Energética Rio das Antas), em especial na atingida pelo evento climático (UHE Castro Alves), não existem comportas e a estrutura do vertedouro é do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento”, acentua o texto. Afiança ainda que não ocorreu durante o temporal “nenhuma abertura mecânica”.

“Vazão mais alta desde a construção”

No seu site, a Ceran informa que “na última segunda-feira, 04 de setembro, o rio das Antas (nome dado ao Taquari na parte superior e mais extensa do seu percurso) atingiu a vazão mais alta desde a construção das usinas e uma das maiores vazões que se tem registro, tratando-se de um desastre natural de grandes proporções”.

Ainda conforme a Ceran, as barragens, em nenhum momento, apresentaram risco de ruptura.

A exploração hidrelétrica do rio das Antas foi concedida em 2001 ao grupo constituído pela CPFL – Geração de Energia S.A, com 65% das ações; à CEEE-G (estatal gaúcha privatizada em 2022), com 30%; e à corporação norueguesa Statkraft S.A., com 5%.

FONTE: Brasil de Fato


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