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Primeira travesti doutora do Brasil cobra inclusão de gênero nas políticas públicas durante evento no IFSul

Primeira travesti doutora do Brasil cobra inclusão de gênero nas políticas públicas durante evento no IFSul

Luma Nogueira de Andrade foi destaque do segundo dia do Encontro Nacional do Programa Mulheres Mil, realizado no câmpus Pelotas

Reconhecida como a primeira travesti a obter o título de doutora no Brasil, Luma Nogueira de Andrade foi uma das principais vozes do segundo dia do Encontro Nacional do Programa Mulheres Mil, nesta terça-feira (29), no câmpus Pelotas do IFSul. Professora e diretora do Instituto de Humanidades da Unilab, Luma compartilhou sua trajetória de vida e defendeu mudanças estruturais nas políticas públicas voltadas às mulheres — cis, trans e travestis.

Durante a palestra, Luma falou sobre os desafios enfrentados desde a infância, quando era alvo constante de violência e exclusão no ambiente escolar. "Ficar reclusa na sala de aula era minha estratégia de sobrevivência. Eu já resistia, mesmo sem saber", contou. Nascida em Morada Nova (CE), filha de agricultores analfabetos, ela afirmou que a educação foi seu principal instrumento de emancipação.

Educação como resistência

A trajetória de Luma inclui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Ceará (1999), doutorado pela Universidade Federal do Ceará (2012) e a publicação do livro Travestis na Escola: Assujeitamento e Resistência à Ordem Normativa. A obra, derivada de sua tese, analisa como as escolas falham em lidar com a diversidade de gênero e como jovens travestis resistem à normatividade.

Ela destacou que, ao alcançar o doutorado, percebeu que sua conquista poderia servir como inspiração para outras travestis. “Percebi que era a única naquele espaço. Era importante dar visibilidade a isso para que outras pessoas pudessem se empoderar também”, afirmou.

Crítica à exclusão de gênero nas cotas

Na avaliação de Luma, as políticas públicas atuais ainda são insuficientes para promover a inclusão de pessoas trans e travestis. Ela criticou a nova Lei de Cotas (nº 15.142/2025), que, embora amplie o acesso para indígenas e quilombolas, não contempla a diversidade de gênero.

“É preciso corrigir essa lacuna. As cotas não podem excluir travestis e mulheres trans. É necessário garantir também bolsas de permanência, acesso ao mercado de trabalho, assistência psicológica e espaços de representação nas instituições e na política”, defendeu.

Evento encerra hoje

O Encontro Nacional do Programa Mulheres Mil é promovido pelo IFSul, em parceria com os Institutos Federais do Sul de Minas e do Sertão Pernambucano. A programação se estende até esta quarta-feira (30), com atividades no auditório Enilda Feistauer, no câmpus Pelotas. O evento reúne profissionais da educação, estudantes e representantes de movimentos sociais para discutir inclusão, equidade e políticas para mulheres em situação de vulnerabilidade.


Fonte: Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul)

Imagem: Divulgação/IFSul


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