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Projeto aprovado na Câmara pode ampliar poder de delegados e enfraquecer controle judicial
Proposta permite que delegados solicitem medidas cautelares diretamente à Justiça, sem intermediação do Ministério Público
A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2435/24, que autoriza delegados de polícia a apresentar diretamente ao Judiciário pedidos de medidas cautelares relacionadas a investigações criminais. Hoje, essas solicitações precisam passar pelo Ministério Público (MP), órgão responsável por controlar e fiscalizar as investigações conduzidas pela polícia.
O texto ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, se aprovado, seguirá para o Senado.
O que muda na prática?
Atualmente, apenas membros do Ministério Público e advogados podem peticionar diretamente à Justiça. Se o projeto virar lei, os delegados poderão solicitar medidas como:
- Prisão temporária ou preventiva
- Busca e apreensão de pessoas ou objetos
- Interceptação de comunicações e quebra de sigilo bancário ou fiscal
- Exame de insanidade mental
- Sequestro ou arresto de bens
Além disso, o projeto permite que delegados apresentem recursos caso o juiz negue alguma dessas solicitações.
Críticas ao projeto: risco de abuso e enfraquecimento do controle judicial
Especialistas em direito e entidades ligadas ao sistema de Justiça veem a proposta com preocupação. O principal argumento contra a mudança é que ela afasta o Ministério Público do controle sobre a atuação policial, abrindo brechas para abuso de autoridade e investigações parciais.
Hoje, o MP tem a função de analisar os pedidos da polícia antes de levá-los ao Judiciário, garantindo que sejam necessários e proporcionais. Ao eliminar essa mediação, a proposta pode fragilizar a fiscalização e aumentar o risco de arbitrariedades, como pedidos indevidos de prisões e quebras de sigilo sem justificativa robusta.
Outro ponto crítico é que o projeto amplia a atuação do delegado de polícia para além da investigação, concedendo-lhe prerrogativas semelhantes às do Ministério Público. Isso levanta dúvidas sobre o equilíbrio entre as instituições do sistema de Justiça e pode gerar conflitos entre polícias e promotores.
A justificativa dos defensores do projeto
Os deputados que apoiam a proposta argumentam que a medida agiliza as investigações e reconhece o papel dos delegados como responsáveis pelos inquéritos. O autor do projeto, deputado Delegado Caveira (PL-PA), afirma que a mudança reflete “os interesses da sociedade e a busca incessante da verdade real”. Já o relator, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), diz que a nova regra trará “resultados excepcionais para as atividades investigativas”.
Próximos passos
A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Se aprovada, seguirá para o Senado antes de virar lei. A expectativa é que o debate avance, com possível resistência de juristas e entidades do Ministério Público.
O projeto reacende discussões sobre os limites da atuação policial e os mecanismos de controle no sistema de Justiça. Se aprovado sem alterações, ele poderá modificar significativamente a dinâmica das investigações criminais no Brasil.
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