Levantamentos técnicos e ações educativas buscam ampliar acesso e qualificar conservação do patrimônio histórico

Pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluíram uma nova etapa de atividades voltadas à conservação e à acessibilidade nos Sítios Arqueológicos Missioneiros. O projeto, realizado no noroeste do Rio Grande do Sul, abrangeu visitas técnicas, levantamentos fotogramétricos e oficinas de educação patrimonial em quatro sítios históricos: São Miguel Arcanjo, São João Batista, São Lourenço Mártir e São Nicolau.

As atividades fazem parte do projeto “Saberes das Missões – Canteiro Modelo de Conservação”, parceria firmada entre UFPel e Iphan para promover a formação técnica e sensibilizar para a preservação do patrimônio histórico-cultural da região.

Acessibilidade em foco

Um dos principais resultados da missão foi o levantamento técnico das condições de acessibilidade espacial nos sítios missioneiros. A equipe, formada por professores, técnicos e estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e do Centro de Engenharias da UFPel, realizou registros detalhados em planilhas que subsidiarão laudos técnicos.

A professora Isabela Andrade, integrante do grupo, aponta que o diagnóstico preliminar revelou fragilidades, especialmente na ausência de recursos de comunicação acessível. Entre as recomendações estão a instalação de informações em diferentes formatos — visual, tátil e sonoro — em pontos estratégicos, facilitando a orientação e a compreensão dos espaços para todos os visitantes.

Levantamento fotogramétrico e ações educativas

Além do mapeamento de acessibilidade, foi realizado o levantamento fotogramétrico da estrutura da Adega de São Miguel, utilizando fotografias aéreas para criar modelos tridimensionais detalhados. O material servirá de base para futuras intervenções de consolidação durante a formação de artífices locais — pedreiros e serventes que atuarão na conservação dos sítios.

O grupo também aplicou a técnica em uma casa construída com pedras retiradas das ruínas de São Nicolau, para a elaboração de diagnóstico e projeto de restauração.

Paralelamente, o projeto promoveu oficinas de Educação Patrimonial em escolas da rede municipal e atividades de formação com guias de turismo de São Miguel das Missões e funcionários do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo. A proposta é envolver a comunidade local no processo de preservação, reforçando a importância da conservação do patrimônio para a identidade cultural da região.

Parcerias para continuidade dos trabalhos

Durante a missão, os pesquisadores da UFPel se reuniram com representantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI). O objetivo foi traçar estratégias para ampliar a rede de colaboração e buscar recursos que garantam a continuidade das ações de formação e conservação.

Para a professora Isabela Andrade, a imersão permitiu avançar no registro e formação técnica local. “É necessária a ampliação do trabalho considerando todos os saberes envolvidos na região das Missões”, afirmou, ressaltando a importância do engajamento da comunidade e das instituições parceiras.

Próximas etapas

As próximas fases do projeto incluem a qualificação da mão de obra local, o desenvolvimento de novos produtos educativos e a expansão das ações de acessibilidade. A meta é garantir a conservação dos sítios missioneiros de forma sustentável, fortalecendo o patrimônio e promovendo a inclusão.

Serviço

Projeto: Saberes das Missões – Canteiro Modelo de Conservação

Coordenação: Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

Ações: Levantamento técnico e fotogramétrico, oficinas de educação patrimonial, formação de artífices

Locais: Sítios de São Miguel Arcanjo, São João Batista, São Lourenço Mártir e São Nicolau

Fonte: UFPel

Imagem: CCS UFPel/Secom