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Retrospectiva BdFRS: 21 toques que demos em 2021

Retrospectiva BdFRS: 21 toques que demos em 2021

São 21 toques pescados nas matérias, reportagens, artigos e entrevistas do Brasil de Fato RS ao longo deste ano que acaba. Foram frases e expressões quase aleatoriamente extraídas dos nossos arquivos, agora na finaleira de 2021.

Não são necessariamente as mais brilhantes ou as mais discutidas. Estão aqui porque oferecem um panorama das tantas preocupações que nos acometeram nos últimos 365 dias.

Da esperança de superar o atraso, a peste e a violência destes tempos para lá de bicudos. Tratam de tudo um pouco: pandemia, preconceito, união, injustiça, negacionismo, fascismo, mídia, meio ambiente, literatura, LGBTs e muito mais.

Nos estados, é preciso que as pessoas abandonem a vaidade e ponham os interesses do Brasil na frente. 

(Fernando Morais, autor da biografia de Lula, sobre a  necessidade de derrotar a extrema-direita em 2022)


Eu não quero romantizar a periferia. É claro que tu vai encontrar gente egoísta, individualista lá, mas proporcionalmente é o lugar onde tu mais vai encontrar pessoas solidárias, pessoas que exercitam a empatia, justamente por essa necessidade de se ajudar. 

(José Falero, autor de Vila Sapo e Os Supridores, sobre suas origens e o local que inspira suas histórias)


O governo Leite aprisiona os futuros governos estaduais com sua visão ideológica retrógrada. 

(Deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT) sobre a adesão do Rio Grande do Sul ao Regime de Recuperação Fiscal do governo Bolsonaro que engessa as futuras gestões estaduais)


O PT não precisa provar (nada) para ninguém, eles é que deram o golpe em 2016, eles é que apoiaram a Lava Jato, eles é que aplaudiram o processo de exceção política que levou à condenação e a prisão do Lula, depois anularam e o juiz foi declarado suspeito. 

(Ex-ministro José Dirceu sobre o compromisso do PT com a democracia)


A CPI escancarou para o Brasil toda a vergonha que tem sido a resposta brasileira à pandemia. Não é por acaso que um país com a estrutura de saúde do Brasil consegue ter uma mortalidade por covid-19 cinco vezes maior do que a média mundial. 

(Epidemiologista Pedro Hallal sobre o desempenho do governo Bolsonaro diante da covid-19)


O Estado sofreu um desmonte num momento em que o país mais precisa dele. Tributar os super-ricos era uma emergência antes da pandemia. Agora ainda mais com a sobreposição das crises sanitária, política, social e econômica. 

(Ex-presidenta Dilma Rousseff sobre o panorama atual do Brasil)


Você tem o tempo inteiro a ideia oficial: os brancos trouxeram os negros, era ruim a escravidão, mas depois libertaram, eles não foram pra frente porque não quiseram. É um jogo roubado, tudo feito para favorecer o branco e para foder o preto. 

(Poeta, atriz e cantora Elisa Lucinda, em entrevista exclusiva ao BdFRS)


A cultura é a força que nos mantém vivos. Não importa se o nome é Jesus ou Olodumarê. Não importa se é Nossa Senhora Aparecida ou Oxum porque o sincretismo fez essa diversidade. A natureza é o nosso grande altar. 

(Iyá Vera Soares, ialorixá, a respeito do poder da cultura negra no Brasil)


Quando veio a pandemia, ninguém procurou os mercados para se proteger. Procuraram o Estado. E o Estado, em muitos países, não estava lá, precisamente porque a saúde em muitos países foi privatizada nos últimos 40 anos. 

(Boaventura de Sousa Santos, sociólogo, em entrevista exclusiva ao BdFRS)


Tem uma questão central aí que é o golpe contra Dilma em 2016. O primeiro ato do Congresso foi a PEC da Morte, a emenda constitucional 95, que congelou por 20 anos o teto dos gastos públicos. Entre 2017 e 2018, o Brasil voltou dez anos. No começo de 2018, já tinha 10 milhões passando fome. No final de 2020, já havia 19,8 milhões. Hoje está pior. 

(Juliano de Sá, presidente estadual do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea, sobre o retrocesso brasileiro)


Brasil vive crescimento em “K” onde a perna de cima representa os ricos que ficam cada vez mais ricos e a perna de baixo representa os pobres que ficam cada vez mais pobres. 

(Economista Ricardo Franzoi, do DIEESE/RS, citando conceito em voga entre seus pares)


A classe patronal no Brasil não tem energia sequer para desenvolver o próprio capitalismo, que exige mercado de consumo interno, logo precisa ter a grande massa da força de trabalho assalariada para poder consumir e dinamizar a economia. 

(Socióloga Eliane Martins, em entrevista sobre reflexos negativos das privatizações)


O Rio Grande do Sul, infelizmente, pelo tipo de governo que vem tendo, avança em um processo de decadência inimaginável, quando se compara a pujança, a prosperidade com que o estado se apresentava para o Brasil, com forte investimento em educação, infraestrutura, tecnologia. 

(Economista Márcio Pochmann, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-IPEA, em entrevista exclusiva ao BdFRS)


As cidades devem parar de importar alimentos e de serem reféns de agrossistemas que devastam o meio ambiente pela quantidade de venenos que lançam no solo, na água e nas plantações. A agricultura deve ser também uma prática da vida urbana. 

(Rualdo Menegat, sociólogo e autor do Atlas Ambiental de Porto Alegre, sobre as sombras que ameaçam o futuro do planeta)


Em um país que teve a morte de uma criança a cada dois dias na pandemia não deveria nem ter consulta pública. Esse não é só um direito individual, é um direito coletivo. 

(Aline Kerber, do Instituto Mães&Pais Pela Democracia, tratando da decisão do ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, de impor uma consulta pública antes de começar a vacinar as crianças de cinco a 11 anos)


Este período está em meu novo romance que se passa no Brasil quando atingimos 214 milhões de mortos. 

(Escritor Ignácio de Loyola Brandão sobre o livro que prepara sobre o mandato Bolsonaro)


E eu agora quero fazer um (filme) desconstruindo a mídia e a justiça, porque está todo mundo falando mal da política, mas a gente não existe sem a política, a política é o espaço possível da negociação. 

(Cineasta Sílvio Tendler, autor de O veneno está na mesa”, que denuncia os agrotóxicos que consumimos na alimentação, adiantando seu próximo tema)


Tenho muita esperança que qualquer pessoa que for eleita que não seja o Bolsonaro, vai melhorar. Porque igual a ele não existe no mundo. Nada. É um coitado enfezado. Lembrando que coitado é aquele que sofre coito, e enfezado é o cara que está cheio de fezes. 

(Escritor Mário Prata sobre 2022)


Para Leite, ser gay não é ser um governador que olhe para a população LGBT, mas simplesmente ser gay. E quem aponta essa lógica não sou eu, mas a falta de políticas públicas no governo tucano atual para a população LGBTI. 

(Escritora e militante LGBT Atena Roveda sobre o comportamento do governador Eduardo Leite, admitindo ser homossexual)


Prefiro muito mais o racismo explícito, que mostra a sua cara, do que esses que cotidianamente retiram direitos das nossas comunidades, nos agridem violentamente nos nossos protestos e se sentem muito confortáveis de subir naquela tribuna e dizer que não são racistas. 

(Vereadora Karen Santos, do PSOL, reagindo contra as ameaças de morte que a bancada negra recebeu mas também apontando outras formas de preconceito que encontra na Câmara de Vereadores de Porto Alegre)


Com o fascismo não se dialoga, com a barbárie não se negocia. 

(Maria Marighella, vereadora em Salvador e neta do guerrilheiro e líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), que enfrentou a ditadura de 1964, em entrevista exclusiva ao BdFRS)


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Edição: Ayrton Centeno e Marcelo Ferreira


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