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Ruídos Queer+: Festival Internacional de Cinema amplia visibilidade LGBTQIAP+
A segunda edição do Festival Internacional de Cinema Ruídos Queer+ (FIRQ+), programada para acontecer em julho de 2025, promete consolidar-se como um dos principais eventos voltados à visibilidade e valorização da produção cinematográfica LGBTQIAP+. Organizado pela produtora cultural Sá Biá e equipe, o festival contará com a exibição de 28 filmes de diferentes países, além de investir em acessibilidade e promover ações educativas para ampliar o impacto cultural e social da iniciativa.
No programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, nesta quarta-feira (26), Sá Biá compartilhou detalhes sobre o crescimento do evento. Em uma entrevista fascinante e recheada de exemplos, ela relatou a importância da curadoria diversificada, que busca incluir perspectivas e narrativas variadas sobre a existência LGBTQIAP+ ao redor do mundo. “O FIRQ+ não é apenas um festival de cinema, é uma plataforma de resistência cultural. Nós queremos garantir que nossas histórias sejam contadas por nós mesmos e cheguem ao maior número possível de pessoas”, afirmou a produtora cultural.
Expansão e impacto da segunda edição
O festival teve sua primeira edição realizada em São José dos Campos (SP), com o apoio da Lei Paulo Gustavo. Na ocasião, o evento recebeu 220 inscrições de 18 países e contou com a exibição de 31 filmes em quatro categorias: videoclipe, vídeo experimental, ficção e documentário. Para a edição de 2025, a expectativa é ainda maior. Apenas nos primeiros 15 dias de inscrição, mais de 300 produções foram submetidas de diferentes partes do mundo.
“Já ultrapassamos o número de inscrições da primeira edição, e ainda temos um longo caminho até o prazo final, em 10 de abril. Esse aumento mostra que o festival se expandiu e se tornou um espaço relevante para a produção audiovisual LGBTQIAP+”, destacou Sá Biá.
A curadoria do festival também precisou se expandir para atender ao volume crescente de inscrições. A equipe, composta por profissionais do cinema, pesquisadores e ativistas, busca garantir a pluralidade e qualidade das obras selecionadas. “Nós queremos selecionar filmes que contem histórias genuínas e que reflitam a complexidade da vivência LGBTQIAP+. Cada filme inscrito carrega uma potência única”, acrescentou.
Histórias da primeira edição e a diversidade de narrativas
A primeira edição do FIRQ+ contou com a inscrição de filmes de países como Argentina, Espanha, EUA, Itália, Chile, Bolívia, Colômbia, Cuba, El Salvador, Portugal, Paquistão, Marrocos, Bélgica e França, demonstrando o alcance global da iniciativa.
Entre os filmes exibidos, algumas produções se destacaram por suas narrativas profundas e impactantes. O curta "Deus Não Deixa", uma produção brasileira, abordou o difícil processo de destransição de gênero de uma pessoa, evidenciando os desafios enfrentados por quem não pode expressar sua identidade livremente. “Esse filme nos emocionou muito porque traduz uma realidade invisibilizada e dolorosa, mas necessária de ser contada”, ressaltou Sá Biá.
Outra obra marcante foi "Pedagogias da Navalha", que trouxe à tona a espiritualidade afro-religiosa e a experiência de travestis e pessoas trans no Nordeste brasileiro, enfatizando o papel da fé e da coletividade na construção de identidades. Sá Biá destacou que “Ver como a religiosidade acolhe a população LGBTQIAP+ de diferentes formas foi um aprendizado imenso para todos nós".
Já a produção "Aos Finais de Domingo" emocionou o público ao contar a história de um homem gay mais velho, cego e solitário, que revivia memórias de seu amor falecido em conversas imaginárias. “Essa narrativa nos lembra que precisamos falar mais sobre o envelhecimento da população LGBTQIAP+. É uma questão urgente”, enfatizou Sá Biá.
A entrevistada também falou sobre a relevância de trazer essas histórias para o público brasileiro: “Queremos que as pessoas assistam e se reconheçam nessas narrativas. Muitas dessas histórias falam sobre amor, perda, resistência e fé, e são essenciais para a construção de uma memória coletiva LGBTQIAP+”. Essas histórias ilustram o compromisso do festival em apresentar um panorama diversificado da experiência LGBTQIAP+, ampliando a visibilidade de temas muitas vezes marginalizados no cinema convencional.
Ampliação do festival e novas iniciativas
Além do FIRQ+, os organizadores também estão lançando a Mostra Nacional de Cinema Brasil Profano, voltada exclusivamente para a produção nacional. A mostra trará 15 filmes, divididos em quatro sessões, incluindo uma sessão especial dedicada a produções de Pelotas.
Para ampliar ainda mais o impacto do festival, será lançado um e-book interativo, reunindo análises das curadorias, sinopses dos filmes e dados sobre o evento. O material será distribuído gratuitamente para universidades e espaços culturais, garantindo que o conhecimento gerado pelo festival se perpetue. “Queremos deixar um legado materializado dessas experiências. O cinema LGBTQIAP+ independente tem muito a oferecer, e nossa missão é garantir que essas histórias sejam vistas, discutidas e valorizadas”, afirmou Sá Biá.
Inscrições abertas
As inscrições para o festival seguem abertas até 10 de abril de 2025 e podem ser feitas por meio do Instagram oficial do evento (@ruidosqueer), pelo site ruidosqueer.com, pelo Festhome, FilmFreeway ou via Google Forms (disponível no link da bio do Instagram). As informações completas sobre regulamento também estão disponíveis em link da bio.
O FIRQ+ 2025 contará com um total de R$ 18.800 em prêmios, distribuídos entre 11 categorias, fortalecendo ainda mais o incentivo à produção audiovisual independente LGBTQIAP+.
O festival reafirma seu compromisso com a acessibilidade, oferecendo intérpretes de Libras e legendas para garantir a plena participação de todos os públicos. “Queremos que o FIRQ+ seja um espaço onde todas as vozes sejam ouvidas e celebradas. Esse festival é um reflexo da nossa luta e da nossa arte”, finalizou Sá Sabiá.
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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