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Sindjus estreia documentário "Sociedade dos Grilhões - É preciso enegrecer a Justiça"
“Hoje, no judiciário, nós somos 4,2% só de negros e a magistratura 1,9”, destaca o dirigente do Sindicato dos Servidores da Justiça do RS (Sindjus/RS), Marco Velleda, no documentário "Sociedade dos Grilhões - É preciso enegrecer a Justiça". O filme foi exibido nesta segunda-feira (21) em Porto Alegre, no Cinebancários, em sessão especial para convidados e participantes do 2° Encontro Antirracista promovido pelo Coletivo pela Igualdade Racial (CIRS) do sindicato.
O curta-metragem aborda o enfrentamento ao racismo estrutural no Brasil, com reflexões sobre a história, resistência, dificuldades e conquistas do povo negro. Com direção de Thiago Köche e produção da equipe de comunicação do Sindjus/RS, foi realizado a partir do 1º Encontro Antirracista do Coletivo pela Igualdade Racial do sindicato, ocorrido em novembro de 2021. No curta-metragem, os participantes apresentam reflexões sobre o impacto e atravessamentos produzidos pelo evento, entre aspectos da história, resistência, dificuldades e conquistas do povo negro no Brasil.
"A gente fez essa conversa em Pelotas trazendo a questão da estrutura dessa sociedade que há mais de 400 anos vem nos escravizando. Ela não só nos escraviza, ela nos mata diariamente. Cada irmão e irmã nossa aqui presente acaba falecendo, muitos de nós não consegue chegar até os nove anos de idade porque é uma sociedade que tem um olhar contra nós que temos uma pigmentação mais escura. Eu sou fruto de uma sociedade que embranqueceu a sua raça”, explicou Marco antes da exibição do documentário.
O dirigente disse que quando a entidade escolheu por fazer em Pelotas o encontro não foi por acaso. “Lá é uma cidade de negros e negras e a gente conhece bem aquela cidade. Uma cidade escravagista, uma cidade em que muitos dos nossos morreram no pelourinho. A praça central de Pelotas foi simplesmente remodelada porque ali no centro, o chafariz das Mereidas, era colocado um pelourinho, ali éramos chicoteados dia a dia. Quem olha aqueles casarões em Pelotas, ali embaixo eram nossas senzalas para atender essa população branca”, expôs.
O diretor Thiago Köche contou que a primeira vez o documentário foi assistido, via zoom todo, mundo saiu chorando. "Eu, como homem branco, agradeço muito essa oportunidade de estar nessa luta antirracista. Como fala a vereadora Daiana Santos, agora deputada federal, o racismo é um problema de todos, todas e todes e a luta antirracista tem que envolver todos, todas e todes”, disse.
Na sua avaliação, o documentário tem potencial para circular por festivais país afora. “Por mais que tenha esse recorte do Rio Grande do Sul no filme, a gente vê esse problema refletido em outros estados do Brasil,” pontuou.
Após a exibição houve um momento de fala onde alguns participantes do documentário relataram a experiência e deram breves relatos de suas vidas. Também os convidados se manifestaram sobre a importância do documentário.
Mais atividades nesta semana
Além do lançamento do filme, o CIRS e Sindjus também promoveram uma Roda de Conversa sobre Comunicação Antirracista nesta terça. E na quarta, dia 23 de novembro, realiza atividades em parceria com o SindBancários e o Quilombo Areal da Baronesa, que incluem um almoço com a comunidade, seguido de debate sobre territorialidade e resistência, encerrando com uma marcha na região, que é território marcado historicamente pela presença negra.
Abaixo, a exibição do lançamento do documentário:
Fabiana Reinholz-Brasil de Fato | Porto Alegre |
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