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Sob mira da oposição, CPI do MST decide nesta terça (11) se convoca Rui Costa e Gonçalves Dias
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) deve viver na tarde desta terça (11) mais um capítulo das tensões políticas que circundam os trabalhos do colegiado. Os parlamentares devem votar requerimentos apresentados pela oposição para que a CPI convoque o general da reserva do Exército Gonçalves Dias, que atuou como ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República em janeiro deste ano. Também está na mira a convocação do atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
O primeiro pedido foi apresentado pelo deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro e um dos principais opositores da gestão Lula no Congresso Nacional. O parlamentar pede que a CPI convoque Dias para prestar esclarecimentos sobre o trabalho da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no monitoramento de ocupações de terra registradas enquanto o GSI estava sob o seu comando. O general ficou à frente do órgão de janeiro até meados de abril deste ano, quando pediu afastamento do cargo.
O pedido se soma a um outro requerimento assinado por Salles que objetiva a convocação de Rui Costa. No documento, o deputado se queixa da indicação de nomes ligados ao MST para cargos no governo federal e ainda da postura de Costa quando este atuou como governador da Bahia (2015-2022), argumentando que o petista “durante seu mandato como governador não empreendeu esforços para impedir atos de invasões de terra, nem para garantir a propriedade privada”.
Na mesma linha, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), vice-líder da oposição na Câmara, apresentou dois pedidos semelhantes, também mirando a convocação de Costa. Nos requerimentos, ao defender uma oitiva do ministro da Casa Civil na CPI, ele se queixa de ocupações de terra durante o governo Lula.
Por fim, a CPI deverá votar um pedido de Ricardo Salles para que o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, seja convocado para prestar depoimento ao colegiado na condição de testemunha para tratar de ocupações dos sem-terra em propriedades da companhia. Empresa do ramo de celulose, a Suzano é hoje uma das maiores do país e se envolveu em conflito com o MST em fevereiro deste ano, quando integrantes do movimento ocuparam suas terras para denunciar o impacto da monocultura de eucalipto na região do Extremo Sul da Bahia, atividade que tem crescido nos últimos tempos.
Cenário
Palco de intensa polarização entre o governo Lula e a base bolsonarista, a CPI do MST se tornou um dos principais símbolos da disputa político-ideológica entre esses dois campos no âmbito do Congresso Nacional. O colegiado foi instalado em maio deste ano, por iniciativa de membros da bancada ruralista e parlamentares extremistas que encabeçaram uma lista com 171 assinaturas favoráveis ao pedido de criação da CPI.
A comissão é vista pelo campo democrático e progressista não só como uma ofensiva à atuação militante do MST, grupo que historicamente tem sido atacado pelo grande capital rural, mas como uma tentativa de criar narrativas de criminalização do governo do PT por meio da relação entre a gestão e o movimento. Nascidos no bojo das demandas por redemocratização que despontaram na primeira metade da década de 80 no Brasil, o PT e o MST são atores de destaque no campo da esquerda.
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