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Theatro Sete de Abril: Após 15 anos de espera, reforma segue sem prazo para conclusão
"Estamos empenhados em agilizar todos os processos necessários para que o teatro volte a ser um espaço cultural ativo na cidade." A afirmação da secretária de Cultura de Pelotas, Carmem Vera Roig, reflete o esforço da atual gestão para concluir a reforma do Theatro Sete de Abril, fechado desde 2010. No entanto, a falta de um cronograma claro para a reabertura do espaço reforça a frustração de artistas e da população, que há mais de uma década aguardam a devolução do principal teatro da cidade.
Em entrevista ao programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, a secretária detalhou os entraves que têm impedido a conclusão das obras, citando problemas burocráticos, dificuldades nas licitações e a necessidade de mais recursos. No entanto, apesar da promessa de agilização, algumas questões ainda permanecem sem resposta: por que o projeto se arrastou por tanto tempo? Houve falhas na gestão dos recursos ao longo dos anos? E, principalmente, quando a cidade poderá, de fato, voltar a usar o teatro?
Burocracia e obstáculos administrativos
Uma das razões apontadas para a demora na reabertura do Theatro Sete de Abril é a fragmentação das obras ao longo dos anos. Segundo Carmem, o projeto foi dividido em etapas para facilitar a captação de recursos, mas a separação dificultou a execução das melhorias necessárias. "Estamos reunindo os projetos e licitações em andamento para agilizar o que for possível", afirmou a secretária. No entanto, essa divisão já foi feita há anos – e, até agora, a conclusão segue distante.
Outro fator que tem travado as obras são os entraves burocráticos nas licitações. A licitação da caixa cênica, por exemplo, já passou por quatro empresas e ainda enfrenta problemas documentais. "Cada empresa que não é classificada entra com recurso, e isso gera novos prazos e mais burocracia", explicou Carmem. Embora questões legais sejam comuns em obras públicas, a demora excessiva levanta dúvidas sobre a condução do processo e a falta de um planejamento mais eficiente.
Investimentos: recursos existem, mas por que a obra não avança?
A conclusão do restauro do teatro ainda exige aproximadamente R$ 5 milhões, valor que, segundo a secretária, será destinado à climatização, instalação da rede elétrica e equipamentos de som e iluminação. Além disso, a cobertura do prédio precisa de reparos, enquanto a acessibilidade do espaço ainda deve ser ajustada.
No entanto, mesmo com parte dos recursos já assegurada, os problemas seguem. Um exemplo é o atraso na chegada das novas poltronas para o teatro: o governo anterior havia prometido que elas estariam disponíveis em novembro, mas a previsão agora é para março. A justificativa dada foi a dificuldade da empresa fornecedora em obter matéria-prima. "As cadeiras da plateia devem chegar em março, mas a empresa enfrentou problemas com material", disse Carmem.
Mudança na gestão e a promessa de transparência
A responsabilidade pelo Theatro Sete de Abril, antes gerida separadamente, agora será incorporada à Secretaria de Cultura. Segundo Carmem, essa mudança permitirá uma administração mais centralizada e eficiente, nos moldes do que já ocorre com o Museu da Baronesa.
Apesar da promessa de maior controle, a transparência no processo ainda é um ponto de atenção. Durante a entrevista, um ouvinte sugeriu a criação de um aplicativo ou site para que a população possa acompanhar o andamento da obra em tempo real. Carmem considerou a proposta interessante e afirmou que a ideia será estudada.
CPI e pressão por investigações
A demora na entrega do teatro gerou discussões na Câmara de Vereadores, que agora avalia a abertura de uma CPI para investigar os atrasos e a aplicação dos recursos. Outra alternativa em debate entre os vereadores é a criação de uma comissão externa para fiscalizar a obra. Questionada sobre essa possibilidade, a secretária disse que apoia qualquer iniciativa que traga esclarecimentos. "A população merece respostas, mas é importante entender que não houve desvios de verba e sim escolhas administrativas que podem ter dificultado o andamento da obra", afirmou.
A explicação da secretária traz elementos importantes para compreender os desafios enfrentados ao longo da reforma, mas não dissipa todas as dúvidas. Parte da população e dos vereadores avalia que a demora exige uma apuração mais detalhada, seja por meio de uma CPI ou de uma comissão externa.
O longo tempo de espera e a sucessão de problemas administrativos levantam questionamentos sobre possíveis falhas na condução do projeto, seja na escolha dos modelos de licitação, na gestão dos recursos ou na tomada de decisões estratégicas. Diante disso, há demanda por transparência e por uma análise criteriosa do que levou a essa paralisação prolongada.
Nova gestão: responsabilidade e expectativas
É importante destacar que os atrasos acumulados na reforma do Theatro Sete de Abril ocorreram sob administrações anteriores, predominantemente lideradas pelo PSDB. A atual gestão, sob o comando do prefeito Fernando Marroni (PT), que assumiu em janeiro de 2025, herda esse desafio e carrega a responsabilidade de dar uma resposta efetiva à população.
O governo petista chegou ao poder com um discurso alinhado aos movimentos culturais e aos fazedores de cultura da cidade, comprometendo-se a revitalizar espaços culturais e promover políticas públicas que atendam às demandas do setor. Portanto, a reabertura do Theatro Sete de Abril não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também um símbolo do compromisso da nova gestão com a cultura local.
2025: otimismo ou mais um prazo incerto?
Apesar das incertezas, Carmem demonstrou cauteloso otimismo sobre a possibilidade de reabrir o teatro em 2025. "Não quero criar falsas expectativas, mas estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para que a obra seja concluída o mais rápido possível", declarou. A frase, embora esperançosa, não garante uma solução definitiva.
Com licitações ainda em aberto, recursos que precisam ser liberados e uma gestão tentando reorganizar o projeto, o futuro do Theatro Sete de Abril segue incerto. O que resta agora é acompanhar se as promessas finalmente se transformarão em ações concretas ou se Pelotas continuará esperando, indefinidamente, a reabertura de um de seus principais símbolos culturais.
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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