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Três anos após o início da pandemia, Coorte PAMPA revela impactos duradouros na saúde física e mental da população gaúcha
A coorte PAMPA, um estudo em andamento na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Brown University (EUA) que investiga os efeitos da pandemia de COVID-19 na saúde da população gaúcha, divulgou seus mais recentes achados após cinco coletas de dados realizadas desde junho de 2020. Com mais de 13.700 participantes, o estudo revelou informações abrangentes sobre a saúde física e mental dos habitantes do Rio Grande do Sul durante e após a pandemia. Três perguntas centrais foram exploradas: como ficou a saúde física e mental da população, quais fatores contribuíram para um agravamento da saúde ao longo da pandemia e quais condições de saúde exigem vigilância contínua.
A Coorte PAMPA iniciou suas coletas em junho de 2020, no auge da primeira onda de casos confirmados da COVID-19. Desde essa primeira coleta, a equipe da Coorte PAMPA reuniu dados valiosos de 13.739 adultos residentes no RS que serviram como base para diversas publicações científicas e foram compartilhados com as autoridades de saúde municipais, regionais e estadual com o objetivo de compartilhar um relatório amplo sobre a saúde da população gaúcha.
Os resultados da quinta coleta, encerrada em julho de 2023, oferecem uma visão profunda dos efeitos de longo prazo da pandemia em vários indicadores de saúde como sintomas de depressão e ansiedade, acesso aos serviços de saúde, atividade física e COVID longa. Os principais achados desta coleta podem ser resumidos da seguinte forma:
● Os sintomas de depressão e ansiedade reduziram em relação à primeira coleta (junho/2020), mas permanecem elevados em relação ao período pré-pandemia;
● A prática de atividade física retornou aos níveis pré-pandemia; porém, a diferença da prática entre homens e mulheres aumentou durante a pandemia;
● Pessoas que tiveram COVID-19 mais de uma vez tiveram maior probabilidade para COVID longa;
● Uso de cigarros eletrônicos foi associado com maior probabilidade de COVID longa, especialmente para sintomas respiratórios e neurológicos.
● Embora a insegurança alimentar apresente uma tendência de queda, a sua presença foi fortemente associada com maior probabilidade para COVID longa
Sintomas de depressão e ansiedade
Entre março e junho de 2020, foi observado um aumento nos sintomas de ansiedade (+7,4 vezes) e depressão (+6,6 vezes). Ao longo da pandemia, a coorte PAMPA observou uma leve queda nesses sintomas, como evidenciado na Figura 1 já com os resultados da onda 5, realizada entre junho e julho de 2023. Os sintomas permaneceram elevados entre as mulheres em relação aos homens durante toda a pandemia (Figura 2).
Figura 1. Trajetória dos sintomas de depressão (esquerda) e ansiedade (direita) ao longa da pandemia.
Figura 2. Trajetória dos sintomas de depressão e ansiedade estratificada por sexo.
Atividade física e tabagismo
A proporção de adultos fisicamente ativos (≥150 minutos de atividade física por semana) caiu de 74,7% para 55,2% entre o período pré-pandemia e junho de 2020. Com os dados mais recentes, observou-se que os minutos por semana de atividade física atingiram os níveis pré-pandemia em ambos os sexos, porém observou-se um leve aumento na disparidade entre sexos, com homens atingindo, em média, 69,7 minutos a mais de atividade física por semana que mulheres. Em relação ao tabagismo, a proporção de adultos que fumavam aumentou em ambos os sexos entre junho de 2021 (homens: 2,9%; mulheres: 8,2%) e junho de 2023 (homens: 5,4%; mulheres: 9,7%).
Figura 2. Trajetória da atividade física ao longo da pandemia.
Acesso aos serviços de saúde
Pessoas com doenças crônicas tiveram o acesso aos serviços de saúde comprometido durante a pandemia. Porém, os achados indicam um arrefecimento deste efeito indireto da pandemia. A proporção de pessoas que relataram acesso comprometido aos medicamentos prescritos caiu de 82,1% em junho de 2020 para 20,4% em 2023; ainda sim, os achados apontam que um em cada cinco adultos no RS não conseguem acessar todos os medicamentos prescritos para o controle de sua doença crônica. Além disso, pessoas que relataram um pior controle da doença caiu de 44,2% em junho de 2020 para 6,5% em 2023.
COVID Longa
O estudo indicou que oito em cada dez adultos relataram a presença da síndrome COVID longa, que se caracteriza pela persistência de sintomas pós-infecção por SARS-CoV-2. Os sintomas mais relatados foram cansaço (60,8%), problema de memória (50,8%), tosse (43,1%), dor de cabeça (41,0%) e perda de cabelo (37,9%). Os sintomas foram mais prevalentes em pessoas que tiveram COVID-19 mais de uma vez.
Cigarros eletrônicos e COVID longa
Outro fator comportamental que foi associado com uma maior probabilidade de COVID longa foi o uso de cigarros eletrônicos. Pessoas que relataram histórico de uso destes aparelhos apresentaram uma probabilidade maior para a presença de sintomas respiratórios (17%) e neurológicos (27%). Os resultados foram controlados para o uso de cigarros tradicionais.
Insegurança alimentar e COVID longa
Por fim, observou-se que a proporção de adultos em insegurança alimentar apresentou uma queda entre junho de 2022 (25,9%) e 2023 (21,6%). Ainda assim, pessoas que apresentaram algum nível de insegurança alimentar apresentaram um risco 28% maior para sintomas neurológicos e 6,3% para sintomas respiratórios.
FONTE: UFPel
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